O Brasil nasceu da confluência de três matrizes culturais: a lusitana, a indígena e a africana. Cada uma dessas matrizes, por sua vez, é formada por uma variedade étnica, cada qual com seu conjunto cultural. Sendo assim, fica claro o sincretismo presente no Brasil, apesar da sobreposição da matriz lusitana no desenvolvimento da história do país. Haja vista tamanha riqueza cultural nacional, faz-se necessário a valorização destas para que se forme uma identidade intrinsecamente brasileira no mundo contemporâneo, sobretudo em um contexto de capitalismo e globalização, que tende à homogeneização da cultura. É indubitável a histórica desvalorização das culturas brasileiras, visto à ideia de uma cultura internacional hegemônica em detrimento da nacional. Em virtude da hegemonia lusitana no território brasileiro até a proclamação da República, a matriz cultural da mesma teve clara predominância na formação da consciência coletiva e moral dos brasileiros, sendo o catolicismo a religião oficial do país durante muitos anos. Ademais, sem dúvida, a influência americana no mundo ocidental, sobretudo a partir da segunda metade do século XX com o “American way of life”, corroborou para a difusão da cultura americana dificultando assim a formação da identidade cultural de um país com o processo de formação tão conturbado quanto o Brasil. Outrossim, evidencia-se após a Revolução Industrial e a consequente consolidação do capitalismo, a massificação da cultura e a transformação desta em um meio de incentivar o consumo. Segundo Hannah Arendt, o mercado e mídia se valem do entretenimento como forma de dominação cultural visando incentivar o consumo. Desse modo, diante desse contexto, surge a Industria cultural que transforma a cultura em mercadoria produzindo a cultura de massa, hegemônica, que acarreta à homogeneização cultural, a fim de aumentar o consumo. Fica evidente, portanto, que a formação de uma identidade nacional na contemporaneidade depende da valorização das culturas brasileira. Destarte, é importante a articulação do MEC com o MinC a fim de instituir uma política pública que vise difundir a diversidade cultural bem como a importância de cada matriz para o processo de formação do país assim como para a formação de uma identidade própria. Para isso, deve-se estabelecer parcerias com os movimentos socioculturais para a realização de palestras, eventos, produções cultuais, e com os meios de comunicação para que estes ajudem na disseminação da valorização das culturas nacionais através de suas programações. Sendo assim, a identidade intrínseca brasileira poderá ser efetivamente formada.