O processo de construção identitária brasileira teve diversos momentos de reconstrução que visaram a valorização cultural, como o romantismo e em seguida o movimento modernista. Contudo na sociedade contemporânea a construção dessa identidade nacional é nitidamente faltoso, como o reconhecimento da miscigenação e o enaltecimento das características típicas de cada região tendo em vista o vasto território heterogêneo. Gilberto Freyre, um dos mais consagrados sociólogos sobre a identidade brasileira traz em seus livros uma concepção objetiva da miscigenação com seus múltiplos aspectos raciais sem nenhuma classificação hegemônica entre elas. Essa visão pluralista ainda não está totalmente integrada na sociedade atual. As interferência que corroboram esse fato são decorrentes dos processos de desenvolvimento do país, como a globalização que acabou intensificando o advento de culturas estrangeiras, principalmente norte-americana, o qual distanciaram o povo de sua herança multicultural. Cabe considerar ainda que, a desigualdade econômica regional e as disparidades típicas de cada região do Brasil contribuem para uma nacionalidade mais fragmentada. Isso decorre do modo de ocupação do território em que as diversas etnias se estabeleceram em diferentes lugares, como a região nordeste com sua população majoritariamente de descendência africana e o sul europeia. Além disso, a concentração econômica no sudeste desfavorece o desenvolvimento das demais regiões que são ricas culturalmente. Fica claro, portanto, a necessidade da integralidade do multiculturalismo em todo o território nacional, assim como o rompimento de visões etnocêntricas entre as regiões. É dever de cada cidadão respeitar e reconhecer a heterogeneidade de sua nação e sua origem miscigenada, assim como o Estado promover cada vez mais uma integração racial e étnica a base de movimentos literários como na era modernista e através meios de comunicação.