Em um contexto contemporâneo, em que o acesso e o consumo a produtos estrangeiros se consolidam como uma constante, permanece, ainda, a necessidade de se resguardar a cultura nacional. Segundo a antropóloga Ruth Benedict, “a cultura é a lente com a qual vemos a realidade”, e, dessa forma, a preservação de uma cultura local é importante para se preservar a manter a identidade do brasileiro com o meio em que ele vive, evitando que esse se vincule mais a culturas estrangeiras e se desvencilhe da realidade nacional. Muito se fala hoje de um novo imperialismo. Diferentemente da do final do século XIX –com a invasão de países pelas potências, obrigando-os à força a se submeterem ao seu domínio econômico- esse novo processo se relaciona mais com a propaganda e a indústria cultural. Essa problemática, abordada profundamente pelos filósofos da Escola de Frankfurt, tem como base o conceito de ideologia, de Karl Marx. Pare ele, ideologia é a forma típica do pensamento das elites para se manterem no poder, influenciando aos que não o detém a pensarem igual. Esse processo é o que sustenta a dominação cultural, diminui a força da cultura nacional e enseja o complexo de inferioridade que muitos brasileiros têm, demonstrado por compararem, injustamente, sua cultura e realidade com a de outros, a partir de um ponto de vista moldado pela cultura de massas dos países ditos de primeiro mundo. Dessa maneira, com a onipresença da internet e plena decadência de um convívio plural da sociedade, faz todo sentido que grupos da população não sintam-se representados pela tradicional definição de cultura nacional, a de um país mestiço, de cultura mista, e passem a supervalorizar o que é exterior, por consumi-las mais. Contudo, isso termina, geralmente, em uma frustação, pois, a pessoa que não se sente brasileira também não é, muitas vezes, aceita em outras partes do mundo, ou não se reconhece plenamente em outras culturas. Dessarte, por mais que se fale, constantemente, em uma “cidadania global” no século XXI, essa está, ainda, bem longe de tornar-se real. Em verdade, torna-se cada dia mais imperioso buscar conhecer a cultura nacional, para assim poder valorizá-la e identificar-se com os concidadãos, com o meio físico e, até mesmo, com os problemas do país, buscando, então, discuti-los para resolvê-los, em prol de um país melhor para todos. Segundo Sócrates, pelo fato do homem ser um ser social, esse só alcança a plena felicidade no convívio em sociedade, desfrutando de valores comuns e realizando seus deveres. Portanto, sendo a cultura a lente da realidade, é necessário que essa seja acessível, praticada e modificada por todos, mas não substituída por a de um país dominador. Dessa forma, é imprescindível que se valorize ainda mais a cultura nacional, o que pode ser realizado, por exemplo, com o esforço do Ministério da Cultura em promovê-las nas redes sociais e através do ensino dela, de forma mais dinâmica nas escolas, através de aulas de música, dança, artes, mostrando suas diversas facetas para que todos possam se sentir contemplados.