Título da redação:

A bipolarização do índio: entre Peri e Macunaíma

Tema de redação: A valorização da cultura nacional na formação da identidade contemporânea

Redação enviada em 16/09/2016

Corretor (a), tudo bem? Sei que o que estou fazendo aqui não seria tolerado no ENEM, isso provavelmente me renderia uma nota 0. Porém, sei que uma boa nota requer uma excelente preparação. Nesse sentido, como o projeto redação ainda não possui o tema O índio na sociedade brasileira do século XXI gostaria deixar claro que minha redação trata disso (não achei lugar melhor para coloca-la). Peço que atente-se principalmente aos meus desvios gramaticais.Assim, peço perdão por não estar atendendo ao tema que vocês propuseram, mas ficaria imensamente grata se você pudesse corrigir ela. Ademais o projeto redação é a única plataforma que realmente confio na nota. Obrigada. Certa vez, na primeira geração da literatura romântica, denominada Indianista, o índio era visto como um símbolo nacional. Contudo, hoje, em senso comum, a figura do índio afasta-se da visão Romântica de um Peri e aproxima-se de um Macunaíma, por muitas vezes considerado como mau caráter, tendo, assim, a inversão do seu valor na sociedade. Nesse sentido, se por um lado os genocídios e a imposição cultural dos lusitanos no século XV são cicatrizes nas raízes do Brasil, por outro na contemporaneidade nós contribuímos para que essa situação não seja revertida. Com isso, é necessário que as causas e as consequências dessa problemática que está intrinsecamente relacionada à realidade nacional sejam debatidas. É válido considerar, antes de tudo, a negação da cidadania e da participação do índio como catalisadores desse problema. Cerca de 0,4% da população brasileira é formada por índios, de acordo com o Censo de 2010. Entretanto, os índios são, por muitas vezes, despidos de voz, o que fere diretamente seus direitos. Assim, mesmo que órgãos, como a FUNAI, busquem defender os direitos das comunidades indígenas, como o direito a posse de terras, atendimento a saúde e a educação, ainda hoje persiste o descaso com esses direitos básicos, que atrelados a restrição na participação política, colocam em xeque o respeito e os direitos desses povos. Outrossim, vale ressaltar as adversidades na demarcação de terras indígenas. Em 2013, índios foram manifestar na frente do Palácio do Planalto tendo como principal foco de discussão a terra. Embora a Constituição de 1988 vise garantir, a partir dos direitos territoriais, a manutenção dos modos de vida tradicionais dos índios, dos saberes e expressões culturais, ainda é notórios a invasão de terras indígenas, como por latifundiários e empresas agropecuárias, não garantindo a soberania desses povos em suas terras. Além disso, as demarcações, por muitas vezes, não respeitam os locais considerados sagrados pelos índios, sendo, desse modo, um desrespeito com a sua tradição e a sua cultura. É evidente, portanto, que ainda persiste uma visão etnocêntrica em detrimento dos índios na sociedade brasileira. Para atenuar essa problemática, é necessário que o Governo Federal, aliado aos órgãos como a FUNAI, implemente leis que garantam a participação do índio na política do país, como na inclusão de líderes indígenas em debates políticos, com o intuito de defender os direitos dos índios e maximizar a participação no sociedade. Ademais, é fundamental que a demarcação de terras indígenas respeite tanto a pluralidade de etnias, quanto as tradições e costumes, isso pode ser concretizado com uma fiscalização efetiva das terras, sem que haja invasão, além de punir agentes que desrespeitem a demarcação. Só assim, respeitando a cultura, os costumes e os direitos dos índios, será possível que a visão de um índio Macunaíma seja desfeita na sociedade brasileira.