No raciocínio sociológico, idealizado na célebre obra “O Capital”, o pensador prussiano Karl Marx lança alerta, ao afirmar que é preciso modificar o mundo. Um olhar em direção à realidade confirma que viver em sociedade significa estabelecer propósitos que sejam coletivos, em outras palavras, não se pode ignorar o sucedido de que a ética é um princípio fundamental para a integridade de todas comunidades, determinando o modo de agir do indivíduo em coletividade. Nessa perspectiva, cabe analisar os valores éticos presentes e ausentes na sociedade, e verificar como essa realidade impacta no corpo social. É fato que essa ideia requer, primeiramente, um estudo acerca dos fatores motivacionais desse processo, bem como os seus efeitos sociais. Nessa lógica, confirma-se a concepção de Marx, uma vez que há um detrimento do princípio da isonomia, previsto na Constituição, no qual todos devem ser tratados igualmente, assegurando a preservação da saúde física e mental, e aperfeiçoamentos morais, intelectuais e espirituais. Entretanto, visto a situação vigente no cenário brasileiro, nota-se que há uma grande negligência, tanto governamental quanto social, a respeito da conduta de valores éticos em meios sociais objetivando um bem-estar coletivo. De modo que, os tratamentos individuais antiéticos acabam denegrindo a interação social. Outro ponto indubitável para consolidação desse tipo de pensamento é o fato que falta uma educação ética e moral para os jovens, já que esses se referem de maneira indecente e desrespeitosa. Nesse contexto, é possível refletir à luz do olhar aguçado do sociólogo Zygmunt Bauman. Conforme o pensador polonês, os atores sociais pós-modernos são confrontados pela perda de sensibilidade, cujo efeito nefasto resulta na cegueira moral. Isso significa que, muitas vezes, as ações humanas tem caráter irracional, com tratamentos imprudentes e inescrupulosos. Por conseguinte, não há dúvidas de que os valores éticos estão estigmatizados no Brasil. O posicionamento assumido nessa discussão demanda, portanto, duas ações pontuais. A princípio, é imprescindível que o Ministério da Educação estabeleça como meta implantar uma educação de qualidade nas escolas públicas brasileiras, instruindo os professores a repassarem boas maneiras de tratamento e conduta aos alunos, a fim de que esses cresçam com valores éticos e morais agregados. Além disso, é imprescindível que o setor midiático foque em divulgar maneiras de comportamento adequadas de acordo com o meio de vivência, publicando em redes sociais e propagandas, com objetivo de instruir determinados tipos de tratamentos. Com essas intervenções, será possível, como advoga Marx, reverter essa realidade, a tornar-se mais humanizada.