Antônio Vieira, escritor do Quinhentismo, retratou, em o Sermão da Sexagésima, o quadro da falta de ética e da corrupção do Brasil colonial. De maneira análoga, no Brasil hodierno, tais características persistem e mostram uma sociedade extremamente marcada pela falta de princípios morais. Nessa conjuntura, percebe-se que falta de ética no país possui raízes amargas, seja pela deficitária formação educacional, seja pela fragilidade do Estado. Convém ressaltar, a princípio, a péssima formação educacional como fator para à falta de ética no país. Conforme Leonardo Boff, professor de ética da UERJ, muitos dos cidadãos brasileiros optam por viverem sob o prisma da controversa “Lei de Gerson”, que permite aos astutos a obtenção de vantagens sobre tudo e sobre todos, não importando o preço a pagar. Desse modo, desde a escola os indivíduos crescem tentando obter vantagem; seja ‘’colando’’ em uma prova, seja trapaceando as normas da escola. Dessa maneira, burlar a lei torna-se uma prática cotidiana, pois o aluno passa a encarar como algo comum e aceitável. Destarte, infere-se o abismo entre a escola e o seu papel pratico na formação da moral e da ética no indivíduo. Outrossim, é valido salientar a fragilidade do Estado Brasileiro marcado pela corrupção. De acordo com Aristóteles, os políticos devem ser, antes de tudo, éticos e trabalhar nas necessidades do Estado, caso contrário ele será um tirano e deverá ser deposto. Entretanto, no Brasil tal afirmação se torna utópica, haja visto os inúmeros casos de corrupção que marcam a história da política do país e os que diariamente são relatados nos meios de comunicação. Por consequência, os indivíduos por cotidianamente conviverem com essas práticas tendem as naturalizar conforme defende Pierre Bourdieu.Assim, torna-se natural o famoso ‘’jeitinho brasileiro’’ de burlar a lei. Visto o cenário lastimável em que se encontra a sociedade brasileira medidas devem ser tomadas. Urge, portanto que o Ministério da Educação (MEC) promova palestras e cursos para a capacitação dos professores e demais membros escolares no intuito de instruir sobre como lidar com práticas antiéticas dos alunos e como combatê-las. Além disso, cabe ao poder legislativo introduzir mudanças na Carta Magna do país com a finalidade de intensificar as penalidades há quem praticar crimes como corrupção e práticas imorais perante a constituição. Dessarte, somente com essas medidas o país apagara de sua história o famoso ‘’jeitinho brasileiro’’.