A ética é a modulação do comportamento em sociedade e envolve valores e princípios usados diante de situações que abrangem outros indivíduos. Contudo, a contemporaneidade traz consigo o relativismo ético, sendo um resultado direto de fatores associados à modernidade, como o individualismo e relações baseadas em puros interesses econômicos e sociais. A princípio, o conceito ético teve variações ao longo do tempo. Dessa forma, para Platão, a ética estava ligada a depuração do mundo material para alcançar a ideia de bem, já segundo Aristóteles, a ética estava vinculada à vida política. Entretanto, a partir da filosofia de Kant, entra-se no âmbito da ética do dever, na qual a moralidade é entendida como um mandamento incondicional, um imperativo para a vida em sociedade. Nesse sentido, a prática ética torna-se fundamental para a harmonia das relações em comunidade. Porém, contrastando com essa lógica, a realidade brasileira vem abalando princípios éticos, na medida em que os escândalos de corrupção no Governo e o burlamento de leis e obrigações pelos cidadãos acentuam-se em sociedade. Dessa forma, absurdos cotidianos desde “pequenos”, como furar filas e comprar produtos piratas, até grandes, como desvios de dinheiro público, descredibilizam a ética brasileira. Outrossim, de acordo com o sociólogo Bauman, a sociedade vive um momento em que tudo é “líquido”, logo, os relacionamentos são superficiais e instáveis. Nesse contexto, o comportamento das pessoas molda-se ao que traz algum benefício, sendo o individualismo uma característica crescente. Desse modo, o típico “jeitinho” brasileiro de sempre buscar vantagens em tudo, independente de valores morais, e o próprio capitalismo geram futuras gerações sem uma consolidação ética, a qual irá reproduzir o mesmo quadro moral caótico; uma vez que tais atitudes praticadas corriqueiramente tornam o ato “normal”, visto sem indignação, afinal, “todo mundo faz”. Isso posto, é necessário encontrar formas de propagar e alicerçar os valores éticos em sociedade. Para isso, o Ministério da Educação deve inserir no plano curricular escolar o estudo da ética e moral, como também discussões em sala de aula, a fim de incentivar uma melhor conduta social. Ademais, a família, posto que é imprescindível para a formação social de crianças e jovens, deve ser o exemplo prático de ética no lar, ensinando os princípios morais para a convivência coletiva. Assim, a sociedade passará a não ser mais líquida, como descreveu Bauman, mas será composta de relacionamentos sólidos e altruístas.