A ética, para sociologia, é a interpretação das normas morais – como costumes, valores e leis – que os indivíduos elaboram pra orientar suas ações na sociedade, sendo ela essencial para o funcionamento das comunidades. No entanto, casos como o da greve policial no Espírito Santo, em que várias lojas foram saqueadas por pessoas comuns, escancaram a crise ética que o país enfrenta. Dentre os principais motivadores dessa crise, está a banalização de pequenos delitos no cotidiano e as transformações nas sociedades modernas. Em primeiro lugar, a corrupção não se encontra apenas nas camadas mais poderosas da sociedade. A “micro corrupção”, o chamado “jeitinho brasileiro”, é igualmente prejudicial para sociedade brasileira, pois, segundo o professor Mário Sérgio Cortella, a formação ética da sociedade é feita por exemplos e, portanto, atitudes como furar fila ou praticar pirataria formam uma consciência coletiva que afundam o país no desrespeito e origina os maus hábitos em novas gerações. Assim, ao culpar as os poderosos pela corrupção generalizada a sociedade está fechando os olhos para a verdadeira origem do problema. Além disso, o Brasil, bem como outras sociedades modernas, vive uma era de individualismo e competição. De acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, as sociedades pós-modernas e globalizadas estimulam o individualismo e a competição, uma vez que as rápidas transformações oferecem constantes riscos à estabilidade pessoal. Dessa maneira, o senso de comunidade – essencial para a existência da ética- é enfraquecido, e atitudes que ferem as leis e a moral brasileira, como o preconceito e a intolerância, também são potencializadas. Conforme o exposto é evidente que a crise ética brasileira traz inúmeras consequências no cenário nacional e a sociedade deve se mobilizar para contorna-las. Primeiramente, é papel do Ministério da Educação discutir a inclusão de aulas de ética e cidadania na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para que as novas gerações tenham suas atitudes devidamente orientadas. Ademais, cabe à mídia, em parceria com a Secretaria de Comunicação Social, criar campanhas publicitárias e debates que visem alterar o senso da população quanto aos pequenos delitos. Por fim, é papel da família oferecer bons exemplos , para que, no futuro, o Brasil possa superar os desafios da pós-modernidade.