Valores nacionais são construídos a partir de passados memoráveis comumente vistos com orgulho. Mas será que o nosso passado é ético? Compreender o passado, o que construiu os brasileiros como sociedade e a imagem internacional e nacional que o mesmo possui são um dos passos para o debate urgente da ética atual do país. A história do Brasil não nega, a falha ética vem de longe. Desde tempos coloniais, praticamente no nascimento da pátria, já existia este defeito social, mesmo que ainda não existisse um reconhecimento quanto sociedade. A corrupção, tão abominada pelos patriotas atuais mais exaltados, era comum no Brasil Colônia. Donos de lotes de terras, as Capitanias Hereditárias, já cometiam o famoso desvio na hora de pagar impostos a Coroa Portuguesa. Tirar vantagem em cima do outro e buscar uma solução não tão aceitável é o que define de melhor o “jeitinho brasileiro”. No entanto, algo ser tão usual ao ponto de ser tratado como normal não significa que seja o correto. Às vezes o que a maioria segue é justamente o caminho que deve ser rejeitado. É por esse e outros motivos que o brasileiro tem uma caricatura internacional de malandragem. Longe de ser aceito facilmente na sociedade, o malandro não difere muito em princípios éticos ao cidadão de “bem”. É comum defender-se do defeito cometido ao usar um princípio respeitável como escudo. Posso matar, desde que seja para eliminar uma pessoa ruim, posso difamar, desde que seja para prejudicar alguém que me fez mal. Talvez o que mais falta ao brasileiro seja dar o primeiro passo de reconhecer que o que ele entende como “bem” não é necessariamente aquilo que deva ser feito. Dissecar a ética brasileira seria, portanto, um dos passos primordiais para corrigir a falha atual dessa. Como dito, faz necessário que o brasileiro reconheça em si um defeito que precisa ser corrigido, e, para alcançar esse objetivo, seria necessário o incremento nas instituições educacionais de cursos, como cidadania e ética, através de plataformas digitais para maior alcance populacional. Além disso, seria preciso que essas mesmas instituições optem por mais uma alternativa aos jovens, como o desenvolvimento comparativo nas disciplinas de História e Sociologia da ética atual e passada, a fim de mostrar os erros e acertos no decorrer social.