O conto “O Anel de Giges”, de Platão, relata a história de um camponês que encontrou um anel que o deixava invisível. O homem, então, utilizou-se dessa artimanha para usurpar o trono do rei e exercer seu poder sob os demais. Infelizmente, tal comportamento, antiético, não se restringe à mitologia grega, pelo contrário, ela é vivenciada cotidianamente pelos brasileiros. Nesse sentido, seja devido aos altos índices de corrupção, seja à falta de respeito as normas de convivência, os valores morais estão muito aquém do desejado. Diante disso, é indispensável pensar em estratégias para reverter essa realidade. Primeiramente, é notório que a elevada corrupção no Brasil representa o ápice da ausência de ética no país. Tal lamentável fato ganhou notoriedade por meio da chamada “Operação Lava Jato”, a qual tem identificado não só uma grande quantidade de dinheiro que é desviada e roubada, como também, que esses delitos são praticados, em sua maioria, pelos eleitos representantes do povo, os quais deveriam dar o exemplo de boas condutas. Dessa forma, de acordo com o pensador Maquiavel, esses atos imorais, devem ser combatidos, uma vez que entram em conflito com os interesses da coletividade. Ademais, além da depravação da política e da economia, a conduta da população, em geral, também está carente de respeito grupal. No que tange, por exemplo, a conservação dos espaços públicos, é corriqueiro a reportagem apresentada, pelo jornal “O Globo” (2018), de que foi coletado mais de 285 toneladas de lixo na praia de Copacabana após a festa de Ano Novo. Essa notícia ilustra bem o quanto os valores éticos estão em decadência no país, pois jogar o lixo no lixo é uma das primeiras coisas que uma criança aprende no convívio em sociedade. Portanto, como defendido pelo filósofo Mario Sérgio Cortella, os atos errados são uma escolha, e se ocorrem é porque existem algumas questões que estão falhando e precisam ser corrigidas. Assim, a corrupção e o desrespeito sinalizam a urgência de valores éticos na contemporaneidade brasileira. Nesse contexto, é importante que o Supremo Tribunal Federal continue investigando e prendendo aqueles que não agem de acordo com a moral e o bem comum. Além disso, é interessante que as equipes pedagógicas das escolas, juntamente com as famílias dos alunos, busquem promover e resgatar os bons comportamentos. Essa atividade pode ser realizada por meio de palestras e campanhas, nos bairros, que dialogam com a população sobre as atitudes corretas, com o objetivo de propiciar um ambiente mais harmônico para se viver. Com essas iniciativas os novos contos sobre “Giges” poderão ter outro caráter.