"Primeiro vem o estômago, depois a moral." A frase é de Bertolt Brecht, poeta alemão, fundamentando mentalidade do homem no século XX. Dito isso, em uma sociedade em que o egoísmo caracteriza suas relações, evidencia-se o quão substancial é o cultivo de valores éticos em países como o Brasil, seja pela interiorização de um comportamento, seja pelo desvio de um Estado. Mormente, importa destacar que a construção de uma sociedade cercada por valores contrários à moral, depende não do individual, mas sim do coletivo. Nesse sentido, a "veneração" do famigerado jeitinho brasileiro, por boa parte desses, comporta-se como um exponenciador do ceticismo moral e ético. Por conseguinte, a maneira típica brasileira de lidar com as adversidades do dia a dia, torna-se um fato social, comportamento comum dotado de exterioridade e generalidade, definido pelo filósofo Émile Durkheim. Dentre os efeitos desse fato social o que mais se destaca é a corrupção. É indubitável que o Governo, como o principal garantidor dos direitos coletivos e individuais, tem o dever de propor condições à vida digna e a igualdade entre classes. Contudo, o comportamento corrupto entre os governantes brasileiros fragmenta essa ideologia democrática, o que resulta no vício das competências do estatais. Nessa perspectiva, o desvirtuamento de ações a priori inofensivas, como o aguardar de uma fila, ditam tanto o ritmo de espera quanto o da corrupção. Torna-se evidente, portanto, a existência de valores anti-éticos nos mais diversos âmbitos sociais do Brasil, e junto com ela a necessidade de se tratar tal dificuldade. Destarte, cabe às instituições formadores de caráter, como a família e a escola, disseminar a ideologia presente um antigo ensinamento chinês: "Não faça aos outros o que você não seja feito a você." Isso mediante debates e discussões acerca da moral e ética na sociedade que os cerca, assim espera-se que o jeitinho brasileiro seja associado a valores íntegros, e não à malandragem.