Quase um século depois, ainda se faz presente a ideologia exposta no Manifesto Futurista, de Filippo Marinetti, evidenciado pela valorização do novo, da velocidade e o desprezo pelo obsoleto. Diante disso, o mercado brasileiro da agropecuária tem deixado a segurança alimentar em detrimento da quantidade de produtos, os quais são produzidos em larga escala e sob uso intensivo de agrotóxicos. Desse modo, infere-se o quão essa realidade tem como efeito a desvalorização da agricultura familiar e do pequeno produtor, assim como negligencia a qualidade dos produtos à saúde. Sob tal ótica, é cabível analisar que o país tem em sua base econômica a prática do agronegócio, evidenciada pela exportação expressiva de produtos primários. Sendo assim, a busca pela produção e o lucro, a fim de abastecer o mercado interno e externo, tem ocasionado um aumento cada vez mais significativo dessa prática, colocando a agricultura familiar e o pequeno produtor em segundo plano. Tal fato tem como consequência o empobrecimento do meio rural o qual não consegue acompanhar os avanços tecnológicos e a diminuição de produtos com qualidade alimentícia, posto que a produção em larga escala com o uso de defensivos agrícolas, contribui para que a segurança alimentar seja substituída pela quantidade de produtos fornecidos. Ademais, o negócio da agropecuária tem afetado além do esperado, gerando impactos na biodiversidade do país, pois sabe-se que onde se tem a maior produção alimentícia advém do bioma cerrado, o qual, atualmente, é considerado um “hot spot” devido sua devastação. Somado a isso, para promover esse modelo baseado em larga escala, há a utilização de elevada tecnologia por meio de transgênicos, agrotóxicos e fertilizantes químicos, os quais são prejudiciais à saúde, visto que são produtos não naturais e, em sua maioria, contém elementos tóxicos, negligenciando a segurança alimentar brasileira. Além disso, ignoram técnicas existentes como adubação verde e a utilização de produtos biológicos naturais como materiais orgânicos para diminuir os impactos nos alimentos. Torna-se evidente, portanto, que o Estado, junto ao Ministério da Agricultura, promova medidas as quais contribuam para que a tolerância aos agrotóxicos no Brasil não traga efeitos negativos para a sociedade e sim promovam uma maior segurança alimentar, por meio da introdução de tecnologia ao meio rural de forma abrangente, valorizando a agricultura familiar e o pequeno produtor. Além disso, é necessário que haja inclusão nos setores produtores de técnicas ecológicas de plantio, como já iniciada no norte do estado de Minas Gerais, com o desenvolvimento dos sistemas agroflorestais e silvipastoris, com o intuito de garantir a preservação do bioma regional e corroborar com a produtividade de alimentos saudáveis. Destarte, com a reformulação de técnicas para a produção alimentar visando a qualidade dos alimentos, é possível ter como efeito, a contribuição do mercado brasileiro da agropecuária frente a segurança alimentar.