Desde o início da história do Brasil, o latifúndio é uma das formas de concentração de poder nas mãos de poucos. Nesse contexto, a produção agrícola se submete ao controle de agricultores que detém o controle de todos os aspectos a ela relacionados, inclusive no que tange o uso de agrotóxicos. Diante disso, é necessária a análise de tópicos fundamentais para a solução do problema, como a influência da agricultura para a economia brasileira, os prejuízos do uso descontrolado de pesticidas à saúde e a legislação ineficiente. É indiscutível a importância da agricultura para a economia brasileira. Segundo o jornal El Pais, o Brasil é responsável pela maior parte da exportação agrícola mundial, ademais, a EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, conforme dados da própria instituição, desde 1970 vêm promovendo melhorias nas condições de produção por meio de regulação da acidez do solo e produção de alimentos transgênicos. Nesse sentido, o agronegócio é muito influente e tem apoio de diversas empresas, de capital público e privado, e tem importante representatividade parlamentar, por meio da bancada ruralista, logo, é responsável por grande parte da falta de regulamentação do uso de agrotóxicos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer afirma que cada brasileiro consome, em média, a quantidade alarmante cinco litros de veneno por ano, e que esse fato é responsável pelo aumento exponencial da quantidade de novos casos de câncer e de bebês nascidos com má-formação, configurando um problema de saúde pública. Além disso, a BBC Brasil diz que a fragilidade de fiscalização e de controle estatais do uso de agrotóxicos e a falta de políticas públicas que reduzam o uso destes pesticidas, somados à falta de incentivo e às dificuldades de produção de alimentos orgânicos, resulta em um envenenamento sistemático da população. Outro ponto importante é o atraso na legislação vigente. Consoante dados do Ministério da saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, restringe a implementação de pesticidas de novas gerações, que reduziriam o impacto na saúde da população. Nesses casos, a demora na liberação de versões modernas de agrotóxicos faz com que continuem sendo usados componentes antigos e tóxicos. Portanto, é necessário que sejam implementadas medidas que diminuam os aspectos negativos do uso de agrotóxicos com o mínimo de impacto possível na economia brasileira. Por isso, o Ministério Público Federal deve impor à ANVISA modificações que diminuam a burocracia na liberação de compostos químicos mais modernos e que causem menos danos à saúde. Além disso, os deputados e senadores devem aprovar leis que proíbam o uso dos pesticidas mais tóxicos e punições mais rigorosas aos que não se adequarem às quantidades mínima dos produtos.