Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A tolerância aos agrotóxicos e seus efeitos no Brasil

Redação enviada em 03/06/2018

Ao contrário do que previu Thomas Malthus, economista britânico do século XVIII, idealizador de polêmica teoria para o controle do crescimento populacional, a melhoria dos hábitos alimentares no mundo, ao longo do tempo, deu certo. Embalado por avanços tecnológicos e científicos voltados ao desenvolvimento agrícola, o aperfeiçoamento das técnicas para o cultivo de alimentos permitiu aumentar a produção e melhorar a distribuição deles. Nesse sentido, a ampla utilização de defensivos e pesticidas foi uma das razões para o sucesso produtivo, especialmente no Brasil, país com inúmeros tipos de pragas agrícolas. Entretanto, apesar dos reconhecidos benefícios às lavouras, o uso massivo de agrotóxicos provoca sérios danos à saúde e ao meio ambiente, representando, assim, significativo risco à sociedade. Durante a década de 70, o Brasil encontrava-se inspirado pelos ideais da Revolução Verde, movimento originado nos EUA e cujo objetivo era promover o crescimento da agricultura nacional. Sequencialmente, no ano de 1973, surgiu no país a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), entidade que se tornou responsável pelo desenvolvimento de diferentes tipos de cultivares, todos adaptados às mais diversas regiões do país. Graças a esses avanços, as fronteiras agrícolas nacionais expandiram-se, e o país passou a figurar numa posição privilegiada do ranking mundial de produtores rurais. Todavia, o preço a ser pago por esse reconhecimento é bastante alto: a ocupação do bioma cerrado está levando inúmeros animais nativos à extinção, além de provocar o empobrecimento severo do solo. Ainda, outra consequência danosa é o envenenamento dos alimentos, assim como dos lençóis freáticos, com altas doses de pesticidas utilizados nas lavouras. Para agravar a situação, a ausência de legislação ajustada à realidade brasileira e a falta de supervisão ostensiva sobre o uso de tais substâncias permitem que produtores usem insumos inadequados e, quase sempre, em superdosagem. De acordo com o Núcleo de Pesquisa em Avaliação de Riscos Ambientais (NARA-USP) o Brasil é, no cenário internacional, muito pouco restritivo quanto ao registro e a regulamentação de agrotóxicos, deixando transparecer, dessa maneira, uma forte tendência à proteção dos interesses dos produtores rurais. Sendo assim, é comum que muitos deles utilizem agrotóxicos proibidos, contrabandeados e até mesmo falsificados, fato que aumenta sensivelmente o risco da prática. Como resultado, observa-se, no país, a elevação do número de casos de câncer correlacionados à ingestão de pesticidas carcinógenos. Na população rural, por sua vez, são mais frequentes os danos neurológicos, as intoxicações exógenas, os casos de depressão e até mesmo suicídio devido à exposição maciça dos trabalhadores do campo aos pesticidas. Em suma, o controle acirrado do uso de agrotóxicos no país é uma questão mandatória e, portanto, exige atuação imediata por parte do Governo Federal e da sociedade civil. Sendo assim, cabe ao Ministério da Agricultura, conjuntamente aos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde, instituir um comitê multidisciplinar para revisar, ajustar e fazer cumprir a legislação vigente sobre o uso de defensivos agrícolas no Brasil. Além disso, esse comitê deverá promover incursões periódicas às áreas de cultivo para que especialistas possam realizar vistorias tanto nas substâncias escolhidas quanto nas condições de armazenamento e uso delas, notificando e multando eventuais irregularidades. Por sua vez, a sociedade civil deverá exercer forte pressão sobre os produtores rurais por meio de movimentos organizados, exigindo o uso mínimo e adequado de agrotóxicos, bem como a clareza na divulgação de dados acerca disso.