A aplicação de agrotóxicos – produtos químicos empregados no controle de pragas agrícolas – em larga escala no Brasil iniciou-se com a revolução verde, na década de 1960, cujo objetivo era o combate à fome no mundo pelo aprimoramento da agricultura. Malgrado reproduzam papel importante no agronegócio, os pesticidas podem configurar um risco à saúde, tanto pela permissividade concedida pela legislação como pela carestia de investimento em alternativas menos danosas. O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo, não somente por ser um grande produtor agrícola, como também pela permissividade. Não obstante, tramita projeto de lei cujas propostas incluem, que a análise dos pesticidas seja feita apenas pelo Ministério da Agricultura, sem passar pelo Ministério da Saúde e Ministério do Meio Ambiente, conforme a lei vigente de 1989. O projeto em questão, bem como anexos da lei vigente aprovados ao longo dos anos, flexibilizam o registro de novos produtos em detrimento da saúde dos consumidores. Isso ocorre em consequência da busca por maior produtividade e, assim, maiores lucros. Outrossim, o menosprezo direcionado à pesquisa científica no Brasil repercute também na escolha dos defensivos agrícolas. Desde a época de Rachel Carson, bióloga autora de “Primavera Silenciosa”, cujos estudos abordavam as sequelas suscitadas pelo uso do poderoso pesticida DDT, diversas alternativas aos agrotóxicos convencionais atingiram o mercado, como os biopesticidas, que causam menor impacto ambiental. Entretanto, para reduzir custos da produção deles, é necessária pesquisa científica, pouco encorajada no Brasil. Por conseguinte, o uso indiscriminado de agrotóxicos acarreta, além de riscos para a saúde, danos ambientais como a contaminação dos recursos hídricos. Assim, cabe ao Ministério da Agricultura destinar subsídios aos grandes produtores dispostos à aplicação dos biopesticidas, com o intuito de abrandar os impactos dos agroquímicos sobre a saúde dos consumidores e o meio ambiente. Ademais, compete ao Ministério da Saúde, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a análise de substâncias, já banidas em outros países, que seguem presentes na composição de muitos agrotóxicos em uso no Brasil.