O uso de herbicidas e inseticidas são, a princípio, indispensáveis para permitir a preservação do crescimento dos produtos agrícolas, que permitem a alimentação salutar dos cidadãos. A tolerância diante do uso excessivo de agrotóxicos, entretanto, ameaça a qualidade de vida das pessoas, no Brasil contemporâneo, uma vez que pode ocasionar câncer, má formação fetal e mutações genéticas. Ao lidar com substâncias agrotóxicas, capazes de desencadear intoxicações agudas, é de suma importância a contínua vigilância sobre as respectivas aplicações. Todavia, o controle no país é bastante permissivo, uma vez que inúmeros alimentos estão mais contaminados que o necessário, com uma grande diversidade de defensivos agrícolas, desnecessariamente. A pulverização aérea, além disso, permite a distribuição de agroquímicos em grande área, quando nem toda a região precisaria dela. Desse modo, não só o bem-estar humano é ameaçado, mas também a conservação da biota, própria do local, e essencial para a colheita de bons frutos, legumes e hortaliças. Sentenciou o educador brasileiro Paulo Freire: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra.” Em relação a isso, é evidente que a contaminação de lençóis freáticos e rios também é um alerta sobre a utilização excessiva de biocidas. Ademais, a carência de incentivo à agricultura familiar e agroecológica inviabiliza o maior comércio de orgânicos, os quais estão livres de agrotóxicos. Consoante o pensamento do geógrafo francês Paul Vidal de la Blache, os seres humanos são agentes transformadores, mas que sofrem influência da natureza, assim, é essencial valorizar as técnicas de cultura que não prejudicam o meio-ambiente. Com o fim precípuo de garantir a utilização moderada de agrotóxicos nos alimentos dos brasileiros, faz-se necessário, portanto, que o Ministério da Saúde fiscalize os produtos, por intermédio do monitoramento randômico em feiras e mercados urbanos, de modo a privilegiar a segurança alimentar. Outrossim, concerne ao Poder Público destinar verba a laboratórios de análise de resíduos agrotóxicos, para que as águas superficiais, com maior potencial de captação para distribuição da população, sejam examinadas, além dos alimentos. Sob essa perspectiva, a saúde dos cidadãos estará de acordo com a da natureza, tal qual a percepção de la Blache.