Título da redação:

Defensivos

Tema de redação: A tolerância aos agrotóxicos e seus efeitos no Brasil

Redação enviada em 01/06/2018

“Primavera Silenciosa” impactou a década de 1960 e trouxe à autora, Rachel Carson, grande visibilidade. De fato, a recepção não poderia ser outra, para um livro que mostrou os efeitos altamente nocivos dos agrotóxicos, tanto para o meio ambiente, como para as pessoas. Após décadas desse feito, diante da crescente preocupação do mundo, quanto ao uso de insumos, vê-se no Brasil um retrocesso. De maneira que, com a permissividade aos agrotóxicos presentes no país, os danos à saúde são relegados e pensamentos controversos ganham força. Assim, dados alarmantes de pesquisas realizadas pela ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), revelam o grande potencial dos insumos utilizados nos alimentos em causar cânceres, doenças degenerativas e más formações congênitas. Não obstante, ao olhar para a economia brasileira, vê-se o uso de agrotóxicos na mesma proporção da quantidade de produtos agrícolas produzidos, o que torna o país o maior consumidor de aditivos do mundo. Em síntese, apesar do conhecimento dos danos os ganhos econômicos são priorizados. Ademais, é válido ressaltar o poder exercido pela bancada ruralista no Congresso Nacional, que por meio da representatividade de que goza, almeja influenciar medidas facilitadoras ao uso de insumos. Por esse viés, têm-se o apoio ao projeto de lei 6299/02, que visa desburocratizar o processo de legalização de agrotóxicos e até mesmo mudar o nome desses produtos para “fitossanitários”. Tal medida tenta inviabilizar estudos de aditivos, o que demanda tempo, bem como, visa trazer um caráter benéfico aos insumos, já que nomeá-los de “fitossanitários” é mais aprazível que “agrotóxicos”. Em suma, assim como Rachel Carson explicitou, o ser humano parece não perceber que uma guerra contra a natureza, os insetos indesejáveis da agricultura, é uma guerra contra ele mesmo, já que ele também é parte da natureza. Com isso, a situação da normalidade como que lida-se com agrotóxicos no Brasil é algo danoso. Portanto, para a mudança no cenário agrícola e na esfera representativa, é preciso que o Ministério da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente façam um trabalho conjunto de endurecimento da fiscalização, para que os excessos sejam penalizados financeiramente. Bem como, haja o maior incentivo às pesquisas, com o financiamento público-privado, e que os dados fidedignamente obtidos, sirvam de base para o uso de insumos. Só assim a melhoria será alcançada.