Agro não é pop e nunca será tudo Maurício de Sousa, gênio cartunista brasileiro, é responsável por diversos personagens que compõem a cultura brasileira. Dentre esses, Chico Bento com sua turma são os personagens que representam as crianças do campo e uma das temáticas abordadas é a agricultura de subsistência que a família de Chico realiza. Entretanto, essa não é a realidade da maioria da população no Brasil, em que o agronegócio domina o mercado e faz uso de agrotóxicos, que podem, mas não deveriam, trazer prejuízos para a saúde dos consumidores e o ambiente. Em primeiro lugar, um Projeto de Lei (PL) é atualmente discutido no Congresso Nacional que busca flexibilizar a fiscalização e aplicação de agrotóxicos, proposto pelo ministro da agricultura Blairo Maggi. Dentre uma das pautas da PL, está a alteração do termo “agrotóxico” por “fitossanitário". A bancada ruralista defende que o termo atual é depreciativo e afeta os negócios propondo um eufemismo como solução. Entretanto, sabe-se que “agrotóxico” é correto pois essas substâncias são utilizadas em plantações para matar pragas, como veneno, por isso o disfarçar o que a população consome e está no ecossistema é inadmissível. Outrossim, o uso de agrotóxicos é questão de saúde pública e acaba com a agricultura familiar. Segundo a ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), as ocorrências de intoxicação por esses produtos foram 34 mil, entre 2007 e 2014, e a indústria de pesticidas teve faturamento de 12 bilhões de dólares em 2014. Isso comprova que esses produtos afetam a saúde do povo e que o agronegócio produz abastece o mercado de forma descomunal. Em paralelo a isso, a agricultura familiar não consegue competir com esse negócio e não recebe incentivo do Estado, pois a bancada ruralista, como o Maggi, defende apenas seus interesses, algo que deve ser mudado. Fica claro, portanto, quais os efeitos dos agrotóxicos no Brasil e que medidas devem ser tomadas. A princípio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deve ponderar entre defender os interesses dos bilionários no agronegócio e promover auxílios a agricultura de subsistência e familiar, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que provem credito ao produtor rural. Além disso, o IBAMA em parceria com as escolas devem conscientizar as crianças sobre o uso e consumo de pesticidas, com o uso dos quadrinhos do Chico Bento. Por fim, o Estado deve proibir propagandas como a “Agro é pop, agro é tech, agro é tudo” da Rede Globo que aliena os telespectadores. Assim, a longo prazo, os efeitos nocivos dos agrotóxicos serão superados.