Conforme o filosofo Michel Foucault, todas as relações humanas são permeadas por relações de poder. É evidente que esse conceito também se aplica às relações entre presidiários. Historicamente, o sistema prisional tem passado por mudanças disciplinares a fim de punir e melhorar a conduta do carcerário. Entretanto, visto que o Brasil esteja passando por uma crise socioeconômica, a responsabilidade pelas despesas dos presos causa diversos efeitos no corpo social nacional, seja pela questão administrativa, seja pela cultura acerca dos presos no país. Em primeiro plano, segundo pesquisas realizadas pelas secretarias de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), o gasto com presidiários chega a ser dez vezes maior que o custo por aluno no Brasil, portanto, à medida que aumenta o número de presos na maioria dos estados brasileiros, os cofres públicos terão menos recursos livres para investir em outras áreas importantes, como a saúde e a educação. Nessa perspectiva, fica evidente que as políticas vigentes não conseguem suprir todo o amparo necessário à população, já que não há verba o suficiente para atender todas as demandas. Além das dificuldades financeiras, os presídios contam com poucas medidas de ressocialização aos detentos. Desse modo, de acordo com o percursor da sociologia, Émile Durkheim, a consciência coletiva define as ações individuais. Ao seguir essa linha de raciocínio, nota-se que o impasse na promoção da inclusão do carcerário encaixa-se na teoria do sociólogo, uma vez que, se um indivíduo conviver em um círculo social violento e com vários outros estigmas, ele tende a adotar determinado comportamento devido à vivência. Então, a má gestão prisional à inclusão do preso na sociedade, transmitido por gerações, funciona como fator indispensável dessa cultura, perpetuando o problema. Dessa maneira, com o intuito de valorizar os setores públicos e criar condições essenciais para a educação prisional, é preciso que o Governo Federal amplifique a estrutura dos presídios, por meio de parcerias com empresas privadas, que auxiliem em empregos com algum teor educativo, para proporcionar ferramentas fundamentais com a intenção de formar o detento para o mercado de trabalho e para a reinserção social, a fim de desconstruir a consciência coletiva em relação ao tema. Logo, será possível continuar o processo de superação vividos no sistema prisional.