Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A relevância do debate acerca do assédio sexual no Brasil

Redação enviada em 05/02/2018

O Século XXI assiste não só à majoração da violência, como também à persistência. De suas modalidades, entre as quais, o assédio sexual à mulher. Tal cenário expressivo revela um nítido descompasso na sociedade atual: de um lado, as mulheres lutam e conquistam direitos; no pólo oposto, encontram empecilhos graças à mentalidade retrograda e machista de uma parcela populacional. Nesse âmbito, necessário é compreender quais raízes históricas comungam com o assédio sexual e quais efeitos elas possuem no contexto hodierno. Em primeiro âmbito, cumpre salientar a principal causa histórica que culminou no enraizamento da problemática na sociedade. Cabe enfatizar, de início, a sociedade patriarcal, formada nos primeiros séculos de colonização brasileira, a qual era marcada pela supremacia do patriarca e pela submissão feminina. De fato, a mulher elitizada era restringida à vida doméstica, era, portanto, submissa aos padrões morais vigentes, sobretudo no que diz respeito à sexualidade; não menos certo, porém, é o fato de que o papel da mulher negra diante dessa sociedade era o oposto, as quais eram submetidas à hipersexualização por parte dos brancos patriarcas, ao mesmo tempo que eram impedidas de casarem-se com eles. Desse modo, fica evidente que a função do gênero feminino no Brasil, historicamente, está ligada à submissão e a apropriação do homem. Enganam-se, contudo, os que acreditam que tal cenário alterou-se. Contatam-se, em verdade, nítidas consequências desse passado na sociedade atual. Por certo, há a presença da culpabilização da vítima, a qual consiste em atribuir a responsabilidade do assédio sexual ou violência à mulher que o sofreu, seja graças à roupa que estava vestindo na ocasião, seja pelo fato de estar sem a companhia de um homem. Prova cabal disso é a pesquisa feita pelo IPEA: “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo devem ser atacadas”, na qual 26% dos entrevistados concordavam com a afirmação. Ademais, com os novos meios de comunicação, há a banalização do corpo da mulher, como evidenciado não só em propagandas , como também em letras musicais; portanto, um novo padrão de submissão foi criado: a objetificação, a qual desumaniza a mulher, tornando-a um alvo mais fácil da violência.Nessa conjuntura, conclui-se que a mulher encontra-se numa situação análoga ao passado. Depreende-se do exposto, portanto, que a problemática não é atributo democrático. Abstrai-se , de igual modo, o passado machista, a culpabilização da vítima e a objetificação da mulher a impossibilitar a diminuição de casos de assédio sexual. Por fim, atualiza-se Bertolt Bretch : “no momento em que a humanidade se desumaniza, nunca diga ‘isto é normal’-para que nada passe a ser imutável”; portanto, não devemos normalizar essa modalidade de desumanização : o assédio sexual.