Rita Lee, dada como rainha do rock nacional, tem suas músicas marcadas com o elemento de ativismo social, reivindicando, entre outras coisas, a independência feminina. Na letra intitulada “Pagu”, Rita diz que “Nem toda brasileira é bunda”, a frase remete ao estereótipo de sexualidade incorporado à mulher e ao assédio sofrido por estas, que historicamente foram subjugadas e objetificadas, trazendo a importância do debate acerca desta problemática. A obra “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, descreve a interação social do Brasil em sua formação. Há na produção partes que se prestam a relatar as relações sexuais entre o senhor e as escravas, as quais eram coisificadas por este, uma vez que ele era o dono de todo engenho e tudo que havia nele. Sendo assim, é visível que a cultura patriarcalista e opressora na qual o país se desenvolveu auxiliou na erotização que a brasileira possui hoje, até mesmo fora da pátria, sendo desrespeitada e coagida com relação à sexualidade. Do mesmo modo, outro ultraje com a população feminina é o que vem acontecendo no transporte coletivo, com homens ejaculando em garotas ali presente. Nesse sentido, o mais chocante é que estes não se enquadram necessariamente no crime de estupro, por não haver violência física, não sendo condenados por este. No entanto, há violência moral contra essas cidadãs, que são constrangidas e se sentem ameaçadas por esses agressores, principalmente ao saberem que estes continuam impunes, podendo vir a cometer novamente o delito ou atos mais extremos e ofensivos que esse, como o próprio estupro. Desta forma, fica evidente que o assédio sexual se mantém pelo caráter desrespeitoso que vê as mulheres de maneira subordina, além de não haver medidas efetivas com aqueles que violam o espaço destas. O Governo deve, portanto, investir no Legislativo, para que este configure como crime maus comportamentos que não sejam somente físicos, garantindo o direito à liberdade dessas cidadãs que se sentem importunadas. Ademais, deve haver investimento na educação, incluindo nas instituições de ensino programas que procurem debater assuntos como esse, no intuito de se quebrar tabus e desenvolver a consciência cidadã por meio da informação e trocas de experiências entre os participantes, destruindo heranças patriarcalistas e buscando por uma sociedade igualitária.