O ano de 2017 vai ficar marcado como um dos mais violentos no que tange ao assédio sexual, já que houve diversos casos de estupro coletivo e abusos em transporte público. A partir desse cenário, percebe-se que são necessários constantes debates acerca da problemática do assédio sexual, pois a impunidade e a falta de respeito com o próximo estão fazendo com que muitas mulheres sofram consequências danosas em suas vidas. Em princípio, cabe discutir o tema do assédio sexual sob a lógica legal. Foi noticiado na mídia que o Senado Federal, após os recentes episódios de ejaculação em São Paulo, decidiu instituir a votação de um projeto de Lei que criminaliza esses atos ao estabelecer penas de 2 a 6 anos de reclusão. A priori, pode-se considerar louvável essa atitude dos políticos. Ao mesmo tempo, com um pouco mais de reflexão, percebe-se quanto tempo que marginais aproveitadores viveram abusando dos outros sem restrições e medo quanto a uma retaliação. É, no mínimo, constrangedor um país em pleno século XXI não possuir leis que resguardam seus cidadãos de bem. Diante desse cenário, é importante haver o recrudescimento de leis como as mencionadas anteriormente para combater um histórico de agressões impunes sofridas pelas mulheres, que não denunciam por não estarem protegidas e amparadas por mecanismos legais que consigam promover a justiça. Ademais, convém analisar o lado humano desse entrave. Desde o crescimento do neoliberalismo e da inserção da tecnologia no cotidiano humano, o lado privado foi muito mais incentivado que o interesse coletivo. Isso é percebido pela falta de empatia encontrada nesse mundo globalizado e também pela fundamentação da tese de liquidez nas relações humanas criada pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Logo, diante desse ambiente de disputa individual de interesses, há potencialização de problemas como o assédio sexual, pois as pessoas pouco se importam umas com as outras e não conseguem se colocar no lugar das outras. Portanto, as vítimas de agressões sexuais sofrem gradativamente com a falta de respeito dos agressores com atitudes que podem chegar a desencadear transtornos psicológicos para a agredida e para sua família. Conclui-se, em suma, que é importante intensificar o debate em torno do assédio sexual para reduzir os diversos casos de agressões presentes na sociedade brasileira. Para isso, deputados federais e senadores devem sancionar leis que criminalizem o assédio sexual com penas altas, com o intuito de inibir os delitos, e criem uma secretaria de denúncia anônima para as vítimas se sentirem seguras ao denunciar as agressões. Outrossim, as escolas, por meio de universitários pedagogia em programa de estágio e professores, devem incentivar debates entre os alunos para que haja uma reflexão acerca dos danos causados à pessoa agredida e convidar vítimas de assédio sexual para fazerem palestras educativas sobre o tema para que seja incrementada a humanização nas relações dos futuros cidadãos do país. Dessa forma, o Brasil poderá ter um futuro mais justo, respeitoso e de harmonia entre seus cidadãos.