As discussões acerca do assédio sexual no Brasil ganharam força nos últimos dias. Recentemente, uma onda de abusos sexuais contra mulheres no transporte público reacendeu debates acerca da fragilidade de punições para agressores, sobre o papel da sociedade e a sobre a importância em reformar as leis ligadas ao tema. Devido a uma visão secular no Brasil e no mundo de que o gênero feminino é frágil e dependente dos homens, as mulheres terminam por ser as principais vítimas dos crimes de abuso sexual. Associado a textos de leis que preveem punições brandas, essa visão corrobora para que os casos de abuso se repitam dia após dia, não raro com agressores reincidentes. Tal fato obviamente está ligado a questões como: ausência de atuação do poder público para criar mecanismos de combate, canais de denúncia deficientes, e a fraca atuação judicial do Estado contra os agressores. Os abusos não têm dia, hora ou lugar para acontecer. Apesar de dados da Folha UOL apontar que 35% dos casos ocorrem no transporte público, há também inúmeros assédios que ocorrem nas ruas, bares, trabalho e até mesmo em casa. Em trens e metrôs dos grandes centros urbanos, existem mecanismos de prevenção como os carros exclusivos para mulheres nos horários de pico, o que ajuda a minimizar em certo grau o problema. Contudo, nos demais ambientes como ônibus e lugares públicos, as mulheres ainda estão desprotegidas, dependendo da fraca atuação policial e das leis que não coíbem ou punem os agressores. É importante adicionalmente salientar que há vítimas as quais evitam denunciar agressões por medo de sofrer preconceitos sociais ou serem mal compreendidas, um comportamento claramente ligado à origem patriarcal e machista da sociedade brasileira. Diante disso, vemos que é preciso que o poder público, por meio das casas legislativas, reveja os textos de lei a fim de endurecer as punições contra os agressores. Ademais, faz-se necessário ampliar os canais de denúncia e realizar campanhas nas rádios, TV e internet, conscientizando a população sobre a importância em denunciar os casos de abuso. Essa campanha ajudará ainda a encorajar mulheres vítimas de assédio a realizar denúncias. Com essas medidas, certamente haverá mais eficiência em inibir a atuação de agressores, ajudando a reverter o atual quadro.