Séculos atrás, a sociedade colonial brasileira era marcada pelo machismo nas relações de gênero, sendo essa uma herança que a atual organização social brasileira recebeu daquela época. Desse modo, percebe-se que existe uma problemática séria no Brasil em termos do assédio sexual, consequência cultural da herança machista. Nesse contexto, há dois fatores que não podem ser negligenciados, sendo eles o feminicídio e a questão da violação dos direitos humanos, inerente à problemática do assédio. Em primeira análise, cabe pontuar que existe uma relação cultural entre o machismo e o assédio sexual. Comprova-se isso por meio do estudo sociológico que a intelectual Simone de Beauvoir promoveu, denunciando o machismo como o principal causador da visão estigmatizada da figura da mulher. Essa inferiorização da "mulher social" contribui para o fenômeno do assédio sexual, pois este é intrinsecamente marcado pelo princípio de que a mulher é inferior no tocante à ideia de possuir integridade sobre seu próprio corpo. Dessa forma vê-se que é de extrema importância a promoção da igualdade de gêneros no combate à problemática do assédio. Ademais, convém frisar que o feminicídio é uma triste marca do fenômeno do assédio sexual, pois este é um fator motivador à repressão e violência contra a mulher, gerando inúmeras mortes todos os anos. Uma prova disso são as pesquisas realizadas pelo Ipea, que comprovaram cerca de dezessete mil mortes em decorrência do feminicídio entre 2009 e 2011. Diante disso percebe-se que atitudes políticas sempre são bem-vindas para o combate à esse problema, sendo a Lei Maria da Penha um ótimo artifício, uma vez que vale tanto para homens quanto para mulheres, já que, apesar de serem elas as mais prejudicadas com o fenômeno da violência doméstica em decorrência do assédio e da repressão, existem casos envolvendo homens como oprimidos também, e esses não podem ser ignorados. Portanto, medidas são necessárias para atenuar a problemática. É imprescindível que haja uma maior conscientização desde os anos iniciais sobre como a promoção da igualdade de gêneros é importante na manutenção do equilíbrio e do respeito, além do combate ao assédio sexual. Sendo assim, uma mobilização do Ministério da Educação é importante no sentido de convocar pensadores e professores de modo a promover o diálogo na busca por uma cartilha de ensinamentos que seriam ofertados desde o início da fase escolar, como por exemplo a educação sexual, que seria importante para estabelecer uma consciência acerca da igualdade de gêneros, sempre respeitando a integridade da instituição familiar em educar os filhos para o convívio social. Além disso, é essencial que as instituições sociais além da escola realizem o trabalho socioeducativo de instigar a igualdade e o combate ao assédio sexual. Nesse sentido é reforçado o papel da mídia, que poderia fazer sua parte através de mais propagandas e programas em parceria com instituições educacionais, levando conhecimento acerca desse tipo de temática ao grande público.