De acordo com a socióloga Ana Paula Portela, professora da Universidade Federal de Pernambuco, aponta que os atos indesejados contra as mulheres possuem raízes históricas que se perpetuam até os dias atuais. Nesse viés, com a manifestação dos direitos femininos, o assédio sexual apenas foi considerado crime em 2001, e até então, tal prática era banalizada nos principais meios de comunicação, fomentando o machismo exacerbado. Com efeito, pressupõe-se uma análise histórica e social. Em primeiro plano, é indubitável que a figura feminina era submissa ao homem. Entretanto, o feminismo corroborou para que as mulheres pudessem questionar a violência contra seus corpos. Dentro dessa lógica, o movimento reconhece que a mulher, historicamente, é a sujeita das transformações de sua própria condição social, e fez com que o Estado reconhecesse o assédio que são obrigadas a tolerar cotidianamente por causa da sociedade machista, que apresenta uma educação obsoleta, na qual a figura feminina ainda é vista como um objeto. O que se nota, pois, é a luta pela igualdade de gêneros visando eliminar a discriminação e o desrespeito com as mulheres. Não obstante, o atual caso do produtor cinematográfico, Harvey Weinstein, que foi acusado de assédio sexual por mais de quarenta artistas, corroborou para que a o mundo compreende-se a forma como o machismo está presente nas relações sociais. Diante disso, pesquisas realizadas pela Organização Internacional do Trabalho, mostraram que 52% das mulheres no Brasil já sofreram assédio sexual no trabalho, e a maioria não denunciou os abusos por medo de ficarem desempregadas, ou por ameaças de seus chefes. Nesse sentido, o abuso está presente até os dias atuais por causa de um ideário de superioridade masculina no que tange aos direitos corporais das mulheres, o que fez com que as entidades governamentais precisassem criar núcleos para que o assédio mitigasse, como a lei estadual do rio de janeiro que obrigada os trens a possuírem vagões femininos devido ao grande número de abusos que aconteciam diariamente. Infere-se, portanto, que o assédio sexual configura uma problemática social que necessita ser revertida. Cabe ao Governo Federal, em consonância com a mídia, promover campanhas de conscientização sobre o assédio sexual nas redes televisionadas e divulgar cartazes pelas cidades. Ademais, o órgão federativo deve regulamentar aulas que ensinem o respeito mutuo e igualdade de gênero. Tais medidas necessitam ocorrer por meio do capital arrecadado pelos impostos pagos pela população, a fim de que as raízes históricas que ainda corroboram com o machismo, se depreendam da sociedade vigente e, o país possa garantir as mulheres seus direitos estabelecidos pela Carta Magna.