Em Bruzundanga- a cidade fictícia que nomeia a obra do brasileiro Lima Barreto - encontra-se a materialização de todas as falhas brasileiras. Se escrito hoje, "Os Bruzundangas" fatalmente trataria de um machismo enraizado no cerne da sociedade brasileira, fruto de décadas de uma cultura de superioridade do homem. Nesse contexto, prevê-se a necessidade de medidas que, através do Estado e da mídia, coloquem esse assunto em proeminência, de modo que pelo debate e preponderância seja possível erradicar a terrível materialização desse machismo: o assédio sexual. É indubitável que o machismo tanto está entranhado na cultura brasileira, quanto compõe uma das causas do assédio sexual. É válido assumir que os costumes brasileiros pós século XVI estão à imagem dos africanos, indígenas e portugueses: aqueles - com suas mulheres mercantes, valorizadas - e esses - com a divisão de trabalho de acordo com as aptidões de cada um, mas sem discriminação - foram sobrepujados por estes, cuja cultura com traços mouros e romanos gerações antes da colonização americana atribuíam um papel subversivo e marginalizado à mulher. Isto é visto mesmo na literatura brasileira, na qual as mulheres, à guisa da escrava Isaura, são objetificadas, servindo à voluptuosidade dos homens, e cumprem papéis passivos: tocar piano, ler, embelezar-se e cuidar da prole. Em tal cenário histórico, é compreensível - embora não aceitável - o constante assédio sexual que sofrem as mulheres no hodierno. É fatal lembra que, para o ateniense Aristóteles, a poética deve ser usada de modo a salvaguardar o equilíbrio na sociedade. Por isso, o Estado, através da mídia - panfletos, internet, outdoors - deve convidar mulheres, aliadas a publicitários, para expor sua situação, argumentando sua isonomia e instigando o respeito, a fim de encerrar essa desigualdade. Os fundos para a ação virão do Ministério da Fazendo, em nome do da Educação. É difícil purificar uma mentalidade assim, mas é preciso.