Em países em desenvolvimento, várias questões relacionadas à qualidade de vida de sua população e direitos humanos, frutos geralmente de passado colonial, são de grande importância, como a demarcação de terras indígenas. O Brasil, historicamente patriarcal, enfrenta o hoje o debate acerca do assédio sexual, em face a números extraordinários de casos pelo país. Essa discussão é essencial à formulação de estratégias contra o crime e à construção de um país justo e democrático. Em primeiro lugar, o assédio sexual, frequentemente relacionado ao abuso, representa um grande trauma e afeta gravemente a vida da mulher, que passa a temer espaços públicos e pode desenvolver, entre outras, síndrome do pânico. Para Herbert Marcuse, frankfurtiano que refletiu sobre o comportamento humano, a sexualidade não se restringe à genitalidade e está presente em todos os atos do homem. Se um trauma marca tudo o que diz respeito à sexualidade, o conjunto de ações da vítima se torna permeado pelo medo e insegurança. Em um país em que 85% das mulheres admitem já ter sofrido assédio em público, é ilógica a existência de resistência à discussão sobre o tema. O setor conservador brasileiro tem mais interesse em impedir direitos homossexuais do que tem em impedir a molestação e ataques à dignidade e integridade das brasileiras. Consequência desse desinteresse são as brandas punições aplicadas aos criminosos, como a rápida liberação do pervertido que ejaculou em uma mulher em um veículo de transporte público no estado de São Paulo. Assim, é possível concluir que, em nossa sociedade, urge o debate a respeito do abuso e assédio sexual, que traz consequências extremamente danosas às vítimas e é colocado em segundo plano pelas autoridades. Nesse sentido, é papel do Governo aprovar leis que punam abusadores adequadamente, aumento o período de detenção. Por outro lado, o Ministério da Educação deve incluir, no Plano de Ensino, aulas com temática referente à igualdade de gênero, visando a permitir que as gerações futuras tenham noções de igualdade e respeito. Afinal, é sempre melhor evitar a doença do que remediar seus efeitos.