A sociedade Ateniense, apesar de ser o berço da democracia, excluía as mulheres da maior parte das atividades, sendo responsáveis apenas pelas tarefas domésticas e por satisfazer sexualmente seus parceiros.Esse paradigma começa a mudar durante a escassez de mão de obra na Segunda Guerra Mundial, permitindo a entrada da mulher no mercado de trabalho, entretanto, os altos índices de assédio sexual contra esse público demonstram a necessidade de debater e combater a herança machista da Antiguidade. No Brasil, de acordo com o Correio Braziliense, 77% das mulheres já sofreram assédio, dessa porcentagem, a maior parte em transportes coletivos, por isso, em 2017 foi sancionada a lei que figura esse ato como criminoso.No entanto, a ação ainda é ratificada por parte da população, segundo a teoria de Webber, ocorre a legitimação tradicional, por seguir o costume e a moral de um momento histórico, sem reflexão filosófica sobre as atitudes ditas como corretas. Esse fato é perceptível pela quantidade de atores e diretores de cinema acusados de assédio que continuam a ser prestigiados, ganhando uma defesa simbólica para evitar ser julgados pela lei, o resultado disso são mulheres que temem denunciar abusos devido a impunidade e medo de represálias. Desse modo, com a falta de aplicação da lei e com a legitimação, o tema deixa de ser debatido por se tornar algo natural, assim, os jovens que crescem nesse meio tendem a não questionar a realidade e parafraseando Freud, as vivências da infância influenciam por toda a vida adulta, logo, parte dos homens cometem o crime e colocam a culpa na vítima, ao passo que as mulheres tentam se prevenir restringindo suas roupas e atitudes e até mesmo acusando outras mulheres de serem culpadas pelo abuso.Essa falta de reflexão e debate fere a liberdade feminina e permite ao homem ser um criminoso com consentimento de grande parcela da sociedade. Para o historiador Leando Karnal, a solução dos problemas é eficaz ao unir a punição com a prevenção, portanto, cabe ao Poder Legislativo criar emendas específicas para as leis já existentes e o Poder Judiciário deve cumpri-las e criar um local de compartilhamento do avanço dos casos julgados para que o extrato consciente da população possa fiscalizá-lo, diminuindo a impunidade.Ademais, o Ministério da Cultura devem produzir campanhas publicitárias nas redes sociais e canais de televisão aberta mostrando o constrangimento das mulheres nessas situações, enquanto as instituições de ensino privado e público realizam palestras e oficinas de estudo com vítimas de assédio com intuito de informar e estimular o senso crítico tanto nos mais jovens quanto nos mais velhos,dessa maneira, a Idade Contemporânea conseguirá combater, quase que totalmente, a herança machista perpetuada por séculos.