Título da redação:

Herança cultural

Tema de redação: A relevância do debate acerca do assédio sexual no Brasil

Redação enviada em 25/10/2017

Muitas conquistas jurídicas marcaram a história recente das lutas sociais contra o assédio sexual. Todavia, essas práticas, que ferem a dignidade de muitas mulheres, continuam sendo realizadas com frequência nos mais diversos locais em que são estabelecidas as relações sociais, revelando que o histórico cultural que subjulga a posição feminina ainda é uma característica marcante da sociedade brasileira. Segundo pesquisa divulgada pela Organização Internacional de Combate à Pobreza, 86% de mulheres que foram entrevistas afirmaram que já sofreram assédio em público. Esse número revela que o sexo feminino, em inúmeras relações desenvolvidas no cotidiano, ainda é encarado como inferior ao masculino, já que os homens são os detentores de maior prestígio dentro da hierarquia econômica e social brasileira, sendo o país terceiro colocado no ranking dos países que possuem mulheres como minoria ocupando cargos de liderança, com uma diferença significativa entre os representantes dos dois sexos nas grandes empresas. O assédio sexual, na maioria dos casos, é uma violência "sorrateira", e que por essa razão, não possui a devida atenção que merece. Estudos realizados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que cerca de apenas 15% das vítimas desse tipo de violência registram denúncia em delegacias. Os dados mostram que a banalização desse tipo de crime faz com que muitas mulheres não consigam identificar o ato como assédio sexual, construindo o medo de que ninguém acredite nelas, já que nesses casos, são crimes de difícil comprovação, pois ocorrem de forma velada e na ausência de testemunhas. Esses fatos contribuem com a perpetuação da ideia absurda de que a culpa da violência é da vítima, pois, de certa forma, ela incentiva tal prática. Portanto, torna-se evidente que medidas de combate ao assédio sexual precisam ser elaboradas e postas em vigor. Nesse âmbito, é necessário desconstruir a herança machista da cultura brasileira, sendo papel do Ministério da Educação elaborar campanhas dentro das instituições de ensino, promovendo fóruns de debate ministrados por educadores preparados, para que essas destaquem a importância e o verdadeiro significado da mulher dentro da sociedade, expondo a igualdade de gênero desde cedo aos mais jovens. Além disso, é importante que o Poder Legislativo elabore projetos que tenham como objetivo estabelecer a equidade salarial e de cargos nas grandes empresas, prevalecendo a competência em detrimento do preconceito, sendo dever do Governo Federal garantir fiscalização a respeito da disparidades socioeconômicas que envolvem questões de gênero. Dessa forma, as mulheres passarão a serem tratadas com o respeito que merecem em qualquer lugar a qual venham frequentar.