Na Atenas Antiga, o exercício da cidadania era reservado para poucos. No Brasil Contemporâneo, a ampliação desse conceito promoveu uma necessidade de alicerçamento da formação social, haja vista a importância da infância no desenvolvimento desse exercício. Nesse contexto, torna-se evidente o papel da escola no processo educativo e a consolidação das brincadeiras como direito natural da criança, a fim de que o impacto da ação coletiva sobre o indivíduo seja positivo. Em primeiro plano, a atuação da escola como agente inclusivo é configurada por uma condição sine qua non para o entendimento do próprio indivíduo como ser social e, por conseguinte, do seu próximo. Nessa lógica, insere-se a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino que compreende a uma sociedade democrática como englobadora de cidadãos que possuem a mesma importância, direitos e deveres. Assim, com a lamentável negligência para com essas constatações em escolas públicas, urge a adoção de tanto políticas sociais, quanto educativas a fim de assegurar o ensino gratuito e para todos, tal como na Finlândia, onde a preocupação de garantir que todos os finlandeses tenham oportunidades iguais a partir da educação é visível. Ademais, a legitimação das brincadeiras, nessa conjuntura, admite uma forma de percepção em primeira instância de um modelo social. À luz do pensamento do filósofo bielorrusso Vygotsky e seguindo o raciocínio de que o aprendizado se dá por interações, o jogo lúdico e o jogo de papéis criam condições para que determinados conhecimentos e valores sejam solidificados, ao exercitar, no plano imaginativo, a capacidade de criar situações, representando papéis e seguindo regras da sua conduta. A ludicidade, portanto, através de um tímido reflexo das interações coletivas, guiam os infantes para a consciência da vida em sociedade e de seus deveres como integrantes desse corpo social. Logo, fica evidente o peso de uma base bem estruturada na construção de um papel essencial na coletividade. Dessa maneira, é preciso que o Estado brasileiro promova melhorias no ensino público primário através de políticas de integração social que considerem os subalternos do sistema, como na dinamização da didática - incluindo jogos e brincadeiras e em atividades que façam a criança visualizar outras realidades - vídeos e livros infantis, por exemplo, a fim de que no fim do processo forme-se um indivíduo reconhecedor de sua cidadania e da liberdade do próximo.