Após a Revolução Industrial, com o fortalecimento do trabalho mecanizado aliado às grandes cargas horárias, a exploração da mão de obra infantil privou milhares de crianças de suas infâncias, marco triste da história mundial. Não obstante, no despontar do século XXI, a relevância de uma infância saudável na formação dos cidadãos brasileiros ganha ênfase com a proteção constitucional da infância, embora ainda enfrente desafios para o seu real cumprimento. Em primeiro plano, é inegável que o Estado atue na tentativa de garantir um desenvolvimento saudável da fase infantil no país. Haja vista a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, o Brasil cumpre constitucionalmente o seu papel na ação favorável às condições humanitárias empregadas às crianças, como o funcionamento do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. Tal fato contribui com o exercício da cidadania, já que promove, legalmente, a solidez de uma infância protegida e, assim, da formação devida das futuras gerações brasileiras. De outra parte, lamentavelmente, a sociedade brasileira falha com o seu papel na infância saudável. Conforme o filósofo Noam Chomsky, o corpo social é elevado ao cargo de agente moral no lugar do Estado, fator que impõe à população a responsabilidade dos desafios à infância, como a permanência da exploração do trabalho infantil em regiões interioranas e, ainda, as explorações do grupo familiar, sejam físicas, com agressões ou assédios, ou morais, com a desestruturação na criação dessas. Dessa forma, para garantir devidamente que a infância cumpra o seu papel na formação cidadã, faz-se necessária uma configuração social. Urge, portanto, que o Ministério da Educação inclua às redes de ensino fiscais e agentes do ECA para atuação na detecção de possíveis desvios à legislação vigente. Isso poderá ser feito com o apoio de professores que perceberem e indicarem alunos com comportamento suspeito em sala, o que aprimorará os projetos já existentes no país. Ademais, poderão ser inclusos ao projeto, psicólogos direcionados às famílias e aos responsáveis pelos alunos, de modo a promoverem palestras sobre educação em casa e atuar em casos regionais de desvios aos direitos da criança e no prejuízo a sua formação física, psíquica e moral. Dessa forma, as mazelas infantis, causadas pela Revolução Industrial, serão, paulatinamente, atenuadas.