No livro “Capitães da Areia”, do escritor brasileiro Jorge Amado, um grupo de menores pratica furtos e estupros, entretanto, suas famílias são ausentes e todos são marginalizados pelo Estado. Isso mostra que o apoio familiar e anteparo do governo são determinantes para a efetivação de uma infância saudável e consequente boa formação de cidadãos. A priori, a infância saudável dá-se mediante o sucesso da socialização primária. Essa socialização surge no âmbito familiar e se consolida por meio da criação de laços afetivos e respeito. Com isso, importantes competências são desenvolvidas, como os valores morais, que irão nortear as demais relações sociais da criança. Assim, cria-se um cidadão apto eticamente para interagir, o qual colaborará para a ascensão de uma sociedade mais justa, pautada em valores comuns. No entanto, a falta de anteparo governamental dificulta os próximos processos de socialização, marcados majoritariamente pela atuação escolar. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o acesso à educação deve ser garantido pelo Estado, porém, devido à baixa condição financeira, o jovem vê-se obrigado a abandonar a escola para trabalhar. Prova disso são os altos números de evasão escolar registrados, principalmente, durante o ensino básico. Esse fato revela o deficiente suporte dado para manter o aluno em sala de aula, refletindo na formação de cidadãos desescolarizados. Fica claro, portanto, a relevância da família e do Estado na formação do cidadão brasileiro. Por isso, é ônus do Poder Executivo liberar verbas para o Ministério Público, juntamente com o da Educação, fornecer cestas básicas contendo material escolar e alimento para os estudantes necessitados, por meio da consulta ao Cadastro Único, a fim de conter a evasão escolar e garantir a socialização secundária. Além disso, ONGs, através de palestras e cartilhas, devem incentivar a participação familiar no processo de formação de cidadãos éticos. Com essas medidas, grupos como os “Capitães da Areia” ficarão apenas na literatura.