Legião Urbana, uma das bandas de maior sucesso nacional, marcou gerações com diversas músicas de teor crítico. Em "Geração Coca-Cola", bastante ovacionada pelo público, certo trecho chama atenção, o qual diz que desde pequenos as pessoas são expostas ao consumo excessivo do que eles chamam de lixo comercial e industrial. Analogamente a esse trecho, vê-se que, de fato, a sociedade atual é criada para negligenciar a alimentação infantil, o que acarreta, não somente maiores riscos de desenvolvimento de doenças, como, também, impactos nas gerações futuras. A má gestão alimentar é uma herança advinda, principalmente, da criação familiar. O sociólogo Émile Durkheim explica esse fenômeno por meio do que chama de fato social. De caráter coercitivo, entende-se como sendo o meio do qual o indivíduo está inserido influenciando no futuro ser individual que este se tornará. Por conseguinte, se uma criança cresce em um lar onde não há o costume de alimentar-se de forma saudável, é esperado que ela continue reproduzindo tal conduta ao longo de sua vida. Desse modo, a raiz de diversos problemas como o alto índice de pessoas obesas, com colesterol, hipertensão e diabetes no Brasil, seria, justamente, a falta de auxílio adequado nos hábitos precocemente. Seguindo essa perspectiva, há uma forte tendência das marcas de industrializados no foco para com essa faixa etária. No filme americano "A fantástica fábrica de chocolates", o personagem principal e dono da franquia buscava incessantemente fabricar produtos diferentes e inovadores para atender aos anseios do público infantil. Dessa mesma forma, fora do universo fictício, empresas de doces e redes fast-food lançam campanha atrativas que, inevitavelmente, acabam fascinando facilmente os mais novos. Dessarte, perante tantas tentações, é fundamental que haja um controle por parte da família, barrando o consumo recorrente. Assim, diante dos fatos supracitados, fica evidente a necessidade de mitigar essa problemática. Inicialmente, é de suma importância que o Governo Federal, juntamente com MCTIC (Ministério da Cultura, Tecnologia, Inovação e Comunicação), viabilize um maior incentivo para criação de tecnologias na área de saúde preventiva, como bancos virtuais de informações que busquem identificar crianças propensas a desenvolver doenças crônicas por hereditariedade, dando maior assistência e, com o devido suporte, proporcionando que grupos de riscos permaneçam saudáveis. Não obstante, o MEC (Ministério da Educação), juntamente com as instituições de ensino e com a ajuda dos professores do nível básico do país, deve promover a educação alimentar obrigatória dentro do âmbito escolar, criando projetos como o cultivo de hortas nos locais para o consumo dos próprios alunos e palestras ministradas por nutricionista, voltadas, especialmente, aos responsáveis, influenciando, dessa forma, numa possível mudança de hábitos. À vista disso, irá surgir uma nova geração e, dessa vez, que independe dos "lixos industriais" criticados pelo Legião.