A publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, feita pela ONU em 1948, trouxe à sociedade uma reflexão acerca da liberdade, igualdade e dignidade humana. Nesse âmbito, a negligência no ensino dessas prerrogativas, aos infantes, inviabiliza a plenitude do engendramento do cidadão brasileiro. Desse modo, convém analisar as questões que atuam de forma relevante na constituição de uma infância saudável, bem como suas implicações precípuas. Cabe pontuar, em um primeiro plano, que a educação é fator essencial no desenvolvimento de um indivíduo. Nesse sentido, o sociólogo francês, Pierre Bourdieu, classificou o processo de socilização em duas etapas, “habitus” primário e secundário, sendo a primeira fase, por sua vez, caracterizada pela interação familiar. Assim, pode-se dizer que os valores e a moral de um indivíduo são, em grande parte, fruto das concepções parentais, sejam elas positivas ou negativas. Ou seja, a postura intolerante e preconceituosa de uma criança reflete o comportamento dos pais, em casa, conforme dadods divulgados pela revista “Educação”. Logo, nota-se a importância do exemplo parental na formação do ideário e do comportamento das crianças em sociedade. Vale ressaltar, ainda, o ínfimo espaço de tempo utilizado pela grande maioria dos pais para se dedicarem aos filhos. Nesse viés, sabe-se que o sitema de produção capitalista exige um alto grau de especialização dos profissionais, motivo pelo qual grande parte dos pais contratam funcionários para cuidarem das crianças, uma vez que esses, além das horas de trabalho, dedicam-se a outras atividades de aperfeiçoamento individual – a exemplo de um doutorado. Dessa forma, mediante perspectiva baumaniana, instala-se uma relação familiar marcada pela fluidez, em que a ausência de diálogo entre pais e filhos é suprida por dispositivos tecnológicos de última geração. Com isso, vê-se que a liquidez moderna dificulta o desenvolvimento saudável das crianças. Infere-se, portanto, que ainda há entraves para a solidificação de políticas públicas que visem à construção de um mundo melhor. Nessa perspectiva, é mister a atuação das instituições escolares, em parceria com os pais dos discentes, na promoção de projetos de cunho orientacional. Isso pode ser feito por meio de reuniões entre pais e mestres, com palestras ministradas por psicólogos e profissionais da educação, a fim de que os pais dos alunos sejam instruídos acerca do papel desses na formação de um cidadão. Outrossim, cabe ao Conselho Tutelar a maior fiscalização da educação ofertada aos infantes brasileiros, por intermédio de visitas rotineiras aos lares com crianças e adolescentes de até 17 anos, com o fito de garantir os direitos estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Só assim, priorizando o “habitus” primário, caminhar-se-á à completa formação dos cidadãos.