A excessiva preocupação dos pais em formar profissionais brilhantes tira todo o aspecto humanitário do crescimento e da formação das crianças. Tal como o descaso das instituições governamentais com a falta de estrutura familiar e a infância pobre só faz aumentar o quadro das desigualdades no Brasil. O aprisionamento em um sistema que a mais de trezentos anos diz que brincar é perda de tempo, juntamente com o precoce contato com a tecnologia e a terceirização da educação por parte dos pais e da escola, limita a infância a uma experiência individual e solitária, resultando em cidadãos insensíveis em relação as mazelas humanas, facilmente influenciáveis pelo discurso de ódio. O prematuro acesso aos meios tecnológicos é apontado como uma das principais causas para o aumento no número de patologias como hiperatividade e déficit de atenção, e o consequente aumento na taxa de medicalização nessa faixa etária, que só no Brasil, entre 2002 e 2010 cresceu mais de 300%. Se a infância pode ser sufocada com a demasiada preocupação com o futuro, pode também ser perdida pela falta de estrutura familiar e a ausência de comprometimento estatal. O trabalho infantil é responsável pela retirada de crianças da escola e pela inserção destas no meio informal de remuneração, privando-as do direito ao crescimento digno assegurado pela ONU e pelo ECA. A falta de opções proporcionada pela miséria e pela violência no âmbito familiar fazem com que um significativo número de crianças encontre no trabalho compulsório e nas ruas a única alternativa viável para subsistência. A humanização da infância deve ser considerada fundamental para a formação de seres conscientes e capazes. Os esforços para a retomada da infância precisa ser uma ação conjunta e ONGs, comunidade, escola e família devem promover o acesso das crianças a eventos recreativos e de socialização, assim como limitar seu acesso a tecnologia. O governo tem o dever de manter fiscalização constante afim de evitar e punir o trabalho infantil, bem como fornecer os subsídios necessários para que ONGs atuem na realização de trabalhos sociais que visem, além da retirada de crianças de rua, o auxílio as famílias mais humildes.