Dentre todos os motivos que podem contribuir para com o aumento da criminalidade, é importante analisar o período da infância, em termos da constituição do cidadão brasileiro, como um agente que varia as relações sociais pautadas nessas transgressões. Desse modo, percebe-se que a educação infantil possui um papel relevante na formação de cada indivíduo, de modo a influenciar no seu comportamento social futuro. Sendo assim, é preciso compreender que a negligência do poder público para com a otimização da educação infantil pode gerar consequências no estabelecimento de uma infância saudável, de maneira a gerar problemas sociais, como a criminalidade. Dessa forma, é necessário discutir um ensino integral, conscientizador e socialmente harmonizador, com vistas à formação saudável do cidadão brasileiro. Primeiramente, é necessário compreender que a educação infantil possui papel central na formação da consciência cidadã. De acordo com Piaget, é na fase do desenvolvimento infantil que as primeiras interações sociais, bem como noções atreladas a aspectos culturais são estabelecidas. Tal pensamento foi fundamentado por Freud em seu livro sobre psicologia infantil, de tal forma a desenvolver a noção de fases de desenvolvimento, ligadas aos órgãos sensoriais. Dessa maneira, é importante compreender, com o auxílio desses grandes especialistas, que a educação infantil pode ser um agente transformador, no sentido de estabelecer uma consciência cidadã e de disciplina, evitando assim o fenômeno social da criminalidade, por exemplo. Em segundo lugar, é possível caracterizar o acesso à educação, previsto pela Constituição Federal de 1988, como um ganho que deve ser respaldado em mudanças sociais que derivam de sua otimização. Isso significa aumentar investimentos sociais na educação, de modo a promover uma mudança curricular e estrutural no ensino. De acordo com o professor da PUC-RJ, José Márcio Camargo, o caminho para o combate à desigualdade e o incentivo ao desenvolvimento de adultos providos de raciocínio crítico-social deriva de uma educação integral e conscientizadora. Dessa forma, é importante analisar a possibilidade de implementação de mudanças curriculares na educação infantil que disponibilizem a proliferação de uma noção acerca de problemas sociais desde cedo. Em suma, é indubitável que a relevância de uma infância saudável na constituição do cidadão é de fundamental importância. Para que a mesma seja aperfeiçoada, é necessário implementar um ensino integral nas escolas públicas, que pode ser possibilitado por um planejamento estratégico do Ministério da Educação e Cultura (MEC) em concomitância com estados e municípios munidos de um investimento, que pode ser possibilitado por um incremento no salário-educação. Essa medida irá promover um maior tempo para a tarefa do desenvolvimento infantil de preparar e conscientizar os futuros adultos acerca de problemas sociais, que podem ser discutidos desde cedo, por meio de uma disciplina específica de estudos culturais. Essa medida, que também exige participação do MEC, visa a implementação de uma racionalidade crítico-social no indivíduos, com o intuito de formar cidadãos politicamente instruídos. Com essas propostas sendo aplicadas, será possível viabilizar uma infância intelectualmente sadia a todos.