O acompanhamento pela família, poder público e sociedade em geral na formação educacional e moral das crianças é um preceito estabelecido na Constituição do Brasil. No entanto, os primeiros anos dos menores brasileiros, ainda, carecem de amplo apoio no processo de desenvolvimento da personalidade. Dentre os principais motivos que obstaculizam a promoção de uma infância saudável e integra, destacam-se a dinâmica familiar frágil e a inobservância estatal. A priori, é notório que a instabilidade no âmbito privado compromete a instrumentalização do caráter dos jovens. Isso decorre, lamentavelmente, devido à ausência demasiada do diálogo e a permanência do extenso espectro de violências perpetradas pelos responsáveis contra os pequenos e, por consequência disso, colocando em xeque a fundação do caráter cognitivo e habilidades na vida pessoal e profissional do futuro indivíduo. Tal situação rompe com o conceito habbersiano da "Ação Comunicativa", no qual o consenso, na esfera particular, só pode ser alcançado por intermédio da conversação. Logo, é imperiosa a elaboração de mecanismos para a restauração da conversa pacífica e afetiva no ambiente familiar. Além disso, nota-se, ainda, que a falta de amparo do Estado é um entrave no processo de formação de uma infância salutar. Isso acontece, infelizmente, porque frequentemente muitas instituições escolares, sobretudo das regiões periféricas dos grandes centros urbanos, não possuem uma infraestrutura adequada e preparada para abarcar, de modo humanizado, os pequenos no decorrer do processo educacional. Tal situação fragmenta a idealização rousseauniana de "Contrato Social", em que o Governo, por meio do poder, manteria as regras e vantagens igualmente para todos. Dessa forma, é impreterível, em regime de urgência, a edificação de políticas públicas para remediar falhas institucionais. Infere-se, portanto, que a adoção de medidas para uma infância saudável torna-se imprescindível. Nesse sentido, faz-se necessário que o Poder Executivo, em parceria com a mídia televisiva, crie uma campanha, direcionada aos progenitores, que prima essencialmente na elucidação da importância e necessidade do diálogo no seio familiar, com o escopo de estabelecer fecundas articulações entre filhos e pais. Ademais, o Ministério da Educação, em consonância com a iniciativa privada, deve engendrar um projeto, focalizada nas instituições de ensino debilitadas, de reformulação do espaço escolar e oferecimento de recursos técnicos pedagógicos, com o fito de sanar lacunas de direitos constitucionais. Somente assim, a infância plena e benéfica, determinada na Carta Magna do país, tornar-se-á uma realidade cabal e de suma importância para o formação da índole do futuro cidadão brasileiro.