O termo “cidadania” é crucial para a questão pois cada pessoa precisa de competências básicas para exercer a cidadania. Como: saber um ofício, discernir os limites entre seus direitos e os dos outros cidadãos, conhecer as instituições que compõem a sociedade da qual ele participa; isso para citar alguns exemplos. Tais fundamentos não estão presentes nas vidas de muitas crianças marginalizadas no Brasil. Vivendo em um ambiente violentíssimo, Sandro do Nascimento não tinha competências básicas para ser um cidadão. Cresceu na rua, sem pai; presenciou a chacina da Candelária e chegou a ver a mãe ser assassinada, quando pequeno. Entretanto, as diversas leis e estatutos aos quais o Brasil adere não chegaram até ele. Carente de comida, educação e zelo sua vida terminou em uma ocorrência trágica de sequestro e assassinatos. A história dele é um exemplo, entre diversos outros, em que a infância é marginalizada de forma cruel porque o poder executivo não é capaz de exercer os direitos das crianças, mas é hábil em puni-las de maneira truculenta. De mesmo modo, movimentos como o feminismo devem ser englobados pelas instituições que visam uma infância melhor, pois violência sexual, por exemplo, é algo vivenciado de geração à geração entre a população mais carente. Pensamentos como esse são fundamentais ao combate de inconscientes coletivos brasileiros(como o racismo, machismo, misoginia,homofobia e xenofobia) que encontram maiores vítimas em crianças carentes e marginalizadas. Dessa forma, considerando o estatuto da criança e do adolescente, tem-se configurado no país ótimas leis, mas que são inapropriadamente aplicadas. Portanto, tais leis não devem limitar-se apenas à justiça, mas principalmente nas escolas e nos demais órgãos policiais, pois não se pode ser ingenuo ao ponto de achar que as crianças não tem a competência necessária para compreender seus direitos. Isso para fazer valer o pensamento de Paulo Freire:”O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças”.