Uma democracia, em tese, é um sistema político pelo qual a população opina e escolhe, por meios majoritários, suas lideranças e diretrizes políticas. No entanto, esse sistema tem se mostrado cada vez mais falho, visto que, as principais crises brasileiras se deram pelo fato de uma minoria (os supostos líderes políticos, eleitos pela própria população) agirem de forma contrária à vontade popular. Um cenário onde uma minoria que detém o poder vai contra aqueles que os tornaram poderosos. Muitas dessas crises se iniciam exatamente pela falta de interesse da população sobre os assuntos políticos. Para o filósofo francês Francis Wolf, esse apolitismo, essa recusa dos cidadãos em participar da vida da comunidade política e das escolhas que a mesma toma é muito prejudicial. O distanciamento entre os governantes e os próprios governados é a negação da democracia. Esse desinteresse é gerado de diversas formas, desde o papel da mídia, onde é retratado os grandes escândalos envolvendo corrupções, dando a ideia de que o envolvimento político por parte da população não resolveria nada, até essa nova pluralidade partidária, onde temos muitos partidos e, em contrapartida, pouca representatividade. Para muitos, seria o mais do mesmo. Paralelamente, quando o cidadão procura “fugir” da política, sem intrometer-se nos temas públicos, o cenário governamental acaba se tornando um campo exclusivo dos “políticos profissionais”. Como estão distantes da população, tais políticos tendem a tomar medidas sem considerar a opinião popular. No dia-a-dia, o povo não se dá conta disso, só percebe quando é afetado diretamente. Portanto, abster-se desse cenário dá mais espaço para crises mais profundas. Fica claro, por conseguinte, que o caminho para sanar as crises políticas brasileiras é a maior conscientização da população perante o tema. Desse modo, é preciso reafirmar a imparcialidade da mídia e seu papel social como fonte de formação de opinião. Trabalhar essa temática, desde cedo, nas escolas, é fundamental. Só conscientizando a população acerca de uma maior participação política é uma certeza de se reafirmar a importância da democracia.