Em 1992, o movimento dos “Caras pintadas” envolveu jovens que reivindicavam a abertura do processo de impeachment do então presidente Collor, representando um marco histórico de participação juvenil. Já na contemporaneidade brasileira, semelhante ao passado e em meio à crise administrativa e econômica, é cada vez mais evidente a massa de pessoas comprometidas com a política, contribuindo, apesar da polarização instaurada na sociedade, com a democracia do país. Diante disso, convém analisar a questão e suas problemáticas. Cabe apontar, em primeira instância, que há correspondência entre as crises e a consciência política. Nesse sentido, em momentos de desgaste econômico e governamental a população é atingida diretamente, ficando fragilizada e sentido os reflexos do desemprego e da queda na qualidade de vida, que são característicos desses períodos. Sob esse viés, as manifestações sociais tornam-se frequentes e o engajamento nas questões do país aumenta, como o ocorrido no movimento “Não é pelos 20 centavos” de 2013. Assim, devido a pressão popular ações são tomadas, estimulando a via democrática. Desse modo, percebe-se a importância desse envolvimento para a realidade do Estado. Todavia, existem empecilhos que permitem a polarização política em lados que não aceitam debates. Nessa perspectiva, observa-se as escolas que não estimulam o diálogo político e, muitas vezes, negligenciam o ensino desse fundamento da democracia. Paralelo a isso, há também os meios de comunicação onlines e de televisão que, usando de algoritmos e da falta de imparcialidade, estimulam essa divisão entre grupos supostamente opostos. Por conseguinte, intervenções são necessárias, uma vez que, segundo Durkheim, a sociedade é como um corpo “biológico” com partes interagindo. Dessa maneira, qualquer desequilíbrio, como essa divergência, é maléfico a todo o “organismo”. Fica claro, portanto, que há problemáticas envolvendo a participação democrática. Sendo assim, o Ministério da Educação deve adicionar na matriz curricular o estudo político, a partir das disciplinas de história, filosofia e sociologia, demonstrando a importância do debate e do conhecimento sobre essa questão. Tudo isso com fito de tornar frequente e saudável a presença dos futuros eleitores nas decisões do país. Ademais, as redes sociais precisam reformular os algoritmos permitindo, além dos assuntos de interesse do usuário, outras realidades, visando estimular a dialética nos internautas. Já mídia de televisão tem o papel de buscar a imparcialidade nos assuntos comentados, objetivando repassar à população a função de refletir e desenvolver pensamentos.