Segundo Émile Durkheim, teórico do século XIX, a sociedade apresenta-se como um "organismo vivo" por funcionar de forma integrada. Hodiernamente, contudo, a perpetuação da má gestão infraestrutural do Estado e a observação de crises sociopolíticas no país instigam uma maior atividade da população nas questões públicas. Nesse âmbito, um horizonte de conscientização social é estabelecido sobre os cidadãos. Destarte, a integração do "organismo biológico" torna-se mais complexa, impactando os direitos previstos na Constituição de 1988. A princípio, é fundamental pontuar que a inocuidade do Poder Público em promover o bem-estar social previsto na Carta Magna intensifica as cobranças populares. Tais cobranças ocorrem em função do perceptível afastamento das lideranças frente aos anseios da sociedade. Nesse contexto, de acordo com as pesquisas de 2014 do Departamento de Ciências Políticas da USP, o que se nota na contemporaneidade é um maior envolvimento civil em relação às mazelas do país. Como resultado, a baixa qualidade dos serviços públicos, a precariedade da educação e da saúde tornaram-se motivos de comoção nacional, como pode ser ilustrado pelas manifestações de junho de 2013, que objetivaram a redução de tarifas e maior transparência dos governantes. Outrossim, é indispensável destacar, ainda, que a continuidade das crises éticas e morais no cenário político alargam a problemática. Esse alargamento decorre do profundo sentimento de descaso percebido pelos indivíduos. Em vista disso, partindo dos estudos do filósofo Mário Sergio Cortella, da PUC de São Paulo, a percepção da corrupção no Brasil ergue um estado de agitação pública. Por conseguinte, cria-se na sociedade uma desconfiança nas instituições brasileiras em referência aos inúmeros casos de corrupção noticiados na mídia, como pode ser exemplificado pelos dados de 2017 do Jornal Estadão, mostrando que menos de 30% dos cidadãos confiam nos políticos. Fica evidente, portanto, que a conscientização popular está ligada aos problemas conjunturais do país. A fim de que essas problemáticas sejam revertidas, é necessário que o Executivo Federal realize um mapeamento das prioridades infraestruturais brasileiras, o que poderia ser feito por meio de um plano de melhorias nos serviços públicos, destinando recursos financeiros para as áreas de transporte, saúde e educação, beneficiando o bem-estar da sociedade, além de atenuar as crises sociais. Ademais, o Legislativo deve fortalecer a luta contra a corrupção, criando leis que tipifiquem-a como crime de alta gravidade, elevando as penas aos praticantes e exigindo a reparação aos cofres públicos, o que difundiria a sensação de justiça no Brasil. Em síntese, materializando tais medidas, o "corpo orgânico" de Durkheim será integrado de forma coesa e saudável.