Nosso país possui um longo histórico de crises. Desde a Proclamação da República, que por sinal já ocorreu sem participação popular, houveram de golpes de Estado a mandatos presidenciais incompletos. O voto de cabresto da Velha República, e as duas ditaduras que enfrentamos, denunciam o problema endêmico de falta de participação popular e a pueril consciência política da população. Agora, a nossa jovem democracia vem sendo atacada por escândalos revelados pela Operação Lava à Jato. Apesar de termos adquirido o direito de votar e o sufrágio universal, é fato que alguma coisa deu muito errado. Nossos representantes são escolhidos nas urnas. A participação popular no pré e pós eleição está atrelada à consciência política da população. Felizmente, esta consciência tem melhorado bastante, observável pelas recentes manifestações em nível nacional. Em 2013, protestos contra o aumento das tarifas de ônibus fizeram o governo repensar suas diretrizes e passar a ouvir os apelos populares. Em 2014 e 2016, houveram reclamações diante da realização no país de grande eventos, como a Copa do mundo e as Olimpíada. Os motivos dessa insatisfação geral são óbvios: alta carga tributária, programas sociais superficiais e, sobretudo, impunidade por crimes de corrupção e mau uso de verbas públicas. A nova postura da sociedade, de não mais alienada da vida política, tem proporcionado uma nova abordagem da condução da política nacional. Viu-se por exemplo a aprovação de leis anticorrupção, como a Lei da Ficha Limpa, e a extinção de financiamento empresarial de campanhas. Mais ainda, governadores e deputados corruptos na prisão, repatriação de verbas, e a boa aplicação de leis são coisas que há pouco tempo eram impensáveis. É certo que erradicar totalmente os problemas é utopia. Entretanto, a participação social em conjunto com um Poder Judiciário independente são de suma importância para barrar a ineficiência da vida política do país. A sociedade vem adquirindo a consciência de seu papel e exigindo novos posicionamentos do Poder Público, como transparência governamental, a boa utilização dos pesados impostos pagos e a ação jurídica plena. Tudo pode ser, e vem sendo feito utilizando-se dos mecanismo presentes na nossa Constituição, como a Ação popular, a participação em debates no Congresso e, acima de tudo, a boa escolha nas urnas. Esse abandono de estigmas do passado, o engajamento político e o fim da impunidade estão corroborando para esse novo cenário promissor que vem surgindo.