Quando se fala do Brasil contemporâneo, não entra em questão uma crise, mas várias. Isso porque as crises se alimentam: o colapso ético leva à decadência política, que por sua vez implica na crise econômica. Muito há de ser feito, e nada será possível se a população não souber se mobilizar em prol de uma sociedade e política mais ética. O fato social, norma que rege os indivíduos, atua no país por meio da “Lei de Gérson”. O pensamento coletivo eleva o malandro, aquele que quer levar vantagem em tudo — “esse sim é esperto”. Isso porque o brasileiro não tem consciência de que as suas ações interferem a sociedade como um todo. É recorrente, por exemplo, ver pessoas jogando lixo na rua, ato que afeta a todos, mas o infrator continua com o hábito por não acreditar nisso. Em uma escala mais ampla, a falta de senso social implica na incapacidade de se mobilizar. O cidadão alienado julga protestos inúteis, e quando não, deixa de lutar por interesses coletivos para exigir desejos pessoais. Essa afirmação explica porque o povo se dividiu após os protestos de 2013 e passou a atirar desejos ao vento: fora Dilma, fica Dilma, fora Temer, fica Temer, golpe militar já! São todas reinvindicações de menor importância quando comparadas à inicial, de acabar com a corrupção. Objetivando coibir as crises brasileiras, faz-se necessário incutir uma consciência política nos cidadãos. A população deve fazer uma campanha contra a corrupção endêmica por meio de mensagens moralizantes nas redes sociais, além de corrigir quem rouba fila, usa vagas de idosos indevidamente, etc. As escolas têm papel especial, cabendo a elas instituir que toda a sujeira feita por alunos deve ser limpa pelos mesmos, a fim de construir um senso coletivo. Assim, quem sabe, a corrupção seja corroída dos estágios iniciais até os finais, de forma que o Brasil possa crescer ética e economicamente.