Democracia é um conceito de complexa definição. Na Grécia antiga, berço dessa filosofia política, os debates entre cidadãos ocorriam em espaços públicos e eram a base para a tomada de decisões. Passados mais de dois mil anos, o sistema adaptou-se com uma série de diferenças nos mais diversos países. O Brasil nunca teve um histórico de maciça participação popular nas decisões políticas, mas vive atualmente uma democracia que vem aperfeiçoando-se, ainda que lentamente. A falta de protagonismo da população foi observada por Lima Barreto e sintetizada em sua frase: “no Brasil não há povo, mas sim público”. O contexto da frase envolvia o processo de transição do império para a república, comandado por poucos membros das elites enquanto o povo assistia alheio e sem entender muito bem o que estava acontecendo. Infelizmente a frase continua de certa forma atual e encaixa-se no contexto de graves crises e mudanças em legislações propostas e efetuadas por uma classe política com pouquíssima legitimidade popular. Entretanto, podemos lembrar de bons exemplos que envolveram a adesão de consciência da população e resultaram em avanços para a sociedade. É o caso da transição dos governos militares para a atual democracia, fato que não ocorreu no tempo exato que as manifestações exigiram, mas que provavelmente não teria ocorrido sem a pressão popular. Isso demonstra o poder que o povo mobilizado possui ao reivindicar determinado direito e serve de alento para que se busque cada vez mais envolvimento da sociedade nas questões políticas. Portanto, medidas devem ser postas em prática para que haja de fato maior espírito cívico em nosso país. Melhorias na educação básica são a chave para que isso ocorra. Bons exemplos de escolas públicas como os institutos federais e colégios militares devem ser seguidos, fazendo o governo adotar a mesma filosofia de gestão nas demais escolas. Para isso ocorrer seria necessária uma reforma administrativa, fornecendo maiores recursos para estados e municípios investirem mais em educação, desconcentrando recursos do governo federal. Redes sociais são importante também pois são ferramentas de mobilização e a sociedade civil já fez uso delas para convocar protestos. Garantida uma boa formação, a maior conscientização política da sociedade seria natural e deixaríamos de ser público para virarmos protagonistas do nosso próprio futuro.