As manifestações ocorridas no Brasil em 2013 pareciam indicar o despertar da consciência política dos brasileiros, porém a incômoda apatia da população diante dos inúmeros escândalos políticos sem punição e a incessante exploração imoral dos recursos naturais e humanos da nação, demonstram que os danos à sociedade causado por uma estrutura político-social baseada na exclusão da maioria, não foi superado. Em meados dos anos 30, a obra “ Raízes do Brasil” do historiador Sérgio Buarque de Holanda já ressaltava que a democracia brasileira era uma grande mal-entendido, pois uma elite, na época integrado principalmente de latifundiários, tratava a política pública como instrumento de poder utilizado para benefício próprio em detrimento do bem-estar da maioria da população. Desta forma, no Brasil, as instituições políticas não foram criadas para representar a população, pelo contrário, sempre quando há reação social, os detentores de capital reagem com repressão ou manipulação da opinião pública. A repressão e a manipulação, desarticularam a sociedade pelo medo, calando a voz de grandes lideranças, como por exemplo na questão agrária, em que os manifestantes e ambientalista são assassinados, até hoje, sem o conhecimento da grande maioria da população. Nesse ambiente, a mídia brasileira tem papel importante, pois como a indústria da informação concentra-se nas mãos de poderosas famílias dependentes da estrutura política atual, a omissão de informação e a parcialidade das notícias são os mecanismos mais utilizados para manipular um enorme contingente populacional, como no caso da cassação do mandato presidencial da Dilma, legitimada pela mídia, mas por não apresentar mudanças profundas na ordenação política, não representou vantagens sociais. Logo, as movimentações sociais de 2013 retratam, antes de tudo, a falta de ceticismo da população brasileira frente as explicações simplistas em relação às mazelas do país. Urge, para reverter o quatro uma educação voltada a formação de um indivíduo crítico, para isso se faz necessário o fortalecimento das ciências sociais nas escolas. Outro passo importante será a reformulação da legislação sobre a propriedade da indústria da informação afim de redemocratizar o setor e assim contribuir para a liberdade da expressão.