Com um sonoro e chamativo slogan " O gigante acordou", as manifestações de 2013 ganharam ares de que poderiam ser uma espécie de "primavera brasileira". Assim como nos países árabes, culminaram na derrocada do chefe de Estado. E, mais uma vez tal qual no oriente médio, a primavera esvaiu-se rápido demais. A impressão de empoderamento do povo foi rapidamente ofuscada por uma incapacidade de manejar o poder recém adquirido. A legítima indignação dos brasileiros foi mais uma vez massificada e posta a serviço de interesses não tão nobres. Inclusive por representantes do povo que na prática apenas tratam de interesses próprios alheios as reivindicações da maioria. Essa gravíssima crise política, onde perdeu-se totalmente a confiança na classe dos políticos, é agravada por uma profunda recessão econômica, cultural e moral. E em meio a essa turbulenta época, o brasileiro tenta criar uma consciência política. Mas carece de parâmetros e discernimento do que é fato e o que é boato. Na jovem democracia do Brasil, nunca foi de interesse dos governantes dar autonomia e gerar cidadãos pensantes. Muito provavelmente mais por motivos econômicos do que de ideologia. Enfim, o despreparo faz com que se crie uma visão extremamente dicotômica de como são as coisas. Uma visão seletiva para o que lhe é favorável. E apenas a ele. Não importando o outro. Há grande perigo em pensamentos extremos como esse. Conforme os pontos supracitados, é de grande valia o exercício de desenvolver uma consciência política na população desse país. Ao passo que há sempre o risco de que as ideias rumem para lados extremos em épocas conturbadas. Como tantos exemplos na história nos mostram. Não há outra maneira se não enfrentar as crises. Principalmente a crise moral e de confiança que assombra o país. Fomentar a criticidade no jovem desde cedo é uma função muito mais da sociedade do que simplesmente esperar do Governo. O país é governado por pessoas com pensamentos retrógrados por serem de outro contexto, mas que não cabe mais nessa realidade. A mudança deve partir do esforço coletivo para emancipar o pensamento social como um todo. Pais, alunos, escolas, professores, universidades entre outros, é que são a chave para a mudança vir, não será a curto prazo, mas é viável. Como dizia o grande cantor e poeta cearense Belchior: o futuro sempre vem.