Os problemas políticos do Brasil estão em evidência crescente, sobretudo após as manifestações de 2013 que tiveram como estopim o aumento na tarifa de ônibus. Com vistas nesse quadro, é preciso reconhecer que as manifestações são diversas e heterogêneas no que tange aos grupos sociais envolvidos. Outro ponto que merece análise é a criminalização moral dos partidos. O terreno de disputas políticas está cada vez mais efervescente para grupos e classes distintas da sociedade. Tornou-se claro o alvoroço da classe média e da burguesia no contexto do processo de Impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. O evento do golpe, contudo, não interessava em nada ao trabalhador, visto que as condições estruturais que dão base à vida não estavam em jogo de fato, mas apenas uma espécie de "dança dos poderes" entre uma presidenta que não representa os trabalhadores e outro que abertamente defende a burguesia. Um exemplo que de fato demonstra a indignação da classe trabalhadora são as ocupações ocorridas em 2016, quando parcelas da população que necessitam do ensino público ocuparam escolas por todo o Brasil, mostrando que a população não está apática perante os ataques dos governos ruralistas e empresariais. Novos partidos políticos estão sendo criados para driblar a indignação moral do senso comum brasileiro. Partidos como a Rede, o Solidariedade, por exemplo, não trazem em seus nomes o termo “partido”, para que sua base eleitoral se alargue e os mesmos engravatados continuem se perpetuando no poder. O problema nisso é justamente o caráter fácil, sem reflexão, sem estudo da história, com que a população baseia sua repulsa a esses tipos de manifestações políticas. Os partidos já foram importantíssimos na luta contra as estruturas de poder, por exemplo, na ditadura do Estado Novo a partir de 1937, e também na ditadura empresarial-militar de 1964. Eles continuam sendo legítimos no sentido de mobilização e instrução da classe trabalhadora. O que o senso comum não se atenta é que a indignação deve ser dirigida aos partidos oportunistas e eleitoreiros que só querem se perpetuar no poder. Pois existem e existiram outros movimentos partidários, porém, que advogam e advogaram genuinamente por causas e ideais, basta atentar o olhar. A consciência política é um fator importantíssimo. Ela sempre existiu em qualquer sociedade — porque a vida social exige a política — mesmo que esteja em evidência maior no contexto atual, por causa da mídia televisiva hegemônica e também das redes sociais. A população em geral precisa ter consciência do que Karl Marx um dia bradou (com outras palavras): a política da democracia burguesa é um gabinete para negócios comuns dos empresários.