A crise que assola o Brasil é preocupante. Além de econômica e política, notamos que a situação é bem pior quando se percebe que o problema estende-se para a sociedade, onde reina a alienação. O povo simplesmente prefere saber mais com o que ocorre na novela do que com sua pátria. Até quando persistirá a instabilidade no país e qual sua relação com o pensamento político da sociedade? As crises têm um lado positivo: são períodos de transição. Desse modo, elas obrigam as pessoas a mudarem seus hábitos. Como exemplo pode-se citar o Brasil em 1820, com o colapso da economia açucareira e a transição para o café, atividade que se tornou lucrativa na época. Encontramos uma ideia similar em 1929, com a estagnação do café e o começo da atividade industrial, plano iniciado por Getúlio Vargas. Finalmente chegamos à atual crise de 2017, resultado da junção da decadência econômica internacional e um problema interno, a corrupção, o que obrigou as pessoas a mudarem seus hábitos de conformismo e irem para as ruas reivindicar dos governantes, como vemos nas manifestações que se iniciaram em 2013, com slogans como "o gigante acordou" e "essa foi a gota d'água". Entretanto, notamos que não é toda a população que da atenção às manifestações e ao que ocorre no país, e os políticos se aproveitam disso. Para Maquiavel, a política é apenas uma questão técnica, que não tem relação com a justiça ou com moral, e por esse motivo a alienação da população é uma boa tática para praticar a corrupção. Fazendo votações na calada da noite, em meio a eventos importantes ou propagandas enganosas que distraem o povo, o governo nos mostra cada vez mais que o problema é bem maior do que é apresentado, e o maior culpado disso é a sociedade, que elege seus governantes, e se o povo brasileiro não mudar o Brasil nunca vai se desenvolver. Tendo em vista isso, é importante ressaltar que para acabar com a crise política no Brasil é necessário primeiro uma mudança na sociedade, pois é preciso mudar a base para depois querer mudar Brasília. Se o povo reclama da corrupção, que não corte filas, não estacione em vagas preferenciais e não faça muitos outros pequenos atos corruptos, que mesmo mínimos contribuem para a crise moral. Além disso, é fundamental o engajamento da população nos assuntos políticos no dia a dia, acompanhando o trabalho dos governantes e cobrando quando estes não cumprem o prometido. Para que isso seja efetivado é necessário o apoio dos familiares, dos amigos, escola e os meios que as pessoas praticam a cidadania. Quando o povo finalmente tiver a consciência que deveria ter sobre a política é que veremos mudanças efetivas nesse país, visando não só o desenvolvimento econômico como também social.