A função matemática que relaciona o lixo produzido com o crescimento da população está desregulada. Dessa forma, os resíduos, em especial das grandes cidades, tornam-se amontoados de resquícios, subutilizados nos seus potenciais. É necessário, a partir disso, que haja consciência de que a relação antrópica é a variável de maior força para mudar tal conjuntura. Em um "efeito dominó", o consumo exarcebado que passou a permeiar a população brasileira vem gerando uma progressão quase geométrica de lixo. Entretanto, mesmo perante a responsabilidade que é imposta, através da Lei dos Resíduos Sólidos Urbanos, à sociedade, vê-se que as atitudes se restringem ao papel. Essa situação advém, principalmente, do fato de que o povo canarinho não tem costume de hábitos sustentáveis, como a reciclagem e a reutilização. Inclusive, não é de exclusividade de bairros mais pobres, como o noticiário mostra em localidades de classes mais altas, em que se tornam intransitáveis nos dias de chuva devido ao entupimento das bocas-de-lobo. Com isso, o problema passa a ter proporções cada vez maiores, as quais atingem, indiscriminamente, a qualquer um. A existência do conhecimento de como utilizar o potencial dos resíduos significa meio caminho andado. Contudo, o que se presencia é o descaso, ignorando o fato da presença humana participar da lista de agentes biótipos capazes de alterar o ecossistema. Por isso, é falácia supor que as diversas consequências do descarte errado do lixo, como doenças, não estejam intrinsecamente ligadas as atitudes do próprio homem. Dessa maneira, o humano alimenta tal ciclo do lixo, em que não há real preocupação que haja melhoria, até quando é atingido por alguma sequela. Enfim, diante das habilidades que o Brasil já possui para tratamento de lixo, o problema passa a ser de outras esferas, social e econômica, com a responsabilidade caindo diante dos pés de cada cidadão brasileiro, agentes transformadores do meio em que vivem. Não há, ainda, aproveitamento palpável do lixo produzido em terras canarinhas. Logo, atitudes como possibilitar aterros sanitários para a extração do chorume, fonte de energia perpassam, prioritariamente, pela mudança na própria população. Por isso, ainda no Ensino Infantil, incluir sobre essas nuances da educação básica, mostrando a diferença entre cada tipo de lixeira pela cor, é um dos passos para alterar na base que, consequentemente, mudará o futuro.