Desde o século XVIII, com a ascensão da Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo, houve um crescimento exacerbado da produção de bens de consumo. A sociedade, desde então, apresenta problemas quanto à má gestão do lixo nas cidades, sendo esse, um dos principais motivos da contaminação e proliferação de vetores. Nesse sentido, é essencial a participação ativa de diversos setores frente a esse cenário. O escritor José Saramago, em sua obra ''Ensaio sobre a Cegueira'', descreve uma sociedade que aos poucos torna-se cega. Essa metáfora exemplifica o que ocorre com a coletividade hodierna, pois, devido à produção desenfreada, o país apresenta dificuldades em administrar a quantidade de lixo gerado pela população. Dessa forma, de acordo com o Ministério das Cidades, apenas 23% das áreas urbanas brasileiras contam com serviço de reciclagem e só um quarto dos estados apresentam programas para a redução do uso de materiais como sacolas plásticas nos supermercados e no comércio. Tal cenário, assim, auxilia ainda mais no acúmulo de rejeitos em lugares impróprios, afetando diretamente no bem estar da sociedade. Além disso, embora a criação da Política de Resíduos Urbanos tenha mostrado um avanço no que tange à gestão do lixo, o meio ambiente ainda sofre com impactos em decorrência do desperdício humano. Logo, rejeitos colocados em lugares inapropriados geram chorume, que resultam na contaminação do solo e da água. Outrossim, o acúmulo do lixo é responsável pela proliferação de mosquitos como o Aedes Aegypti que é um dos principais transmissores de doenças como a dengue e o Zika vírus. Nesse sentido, a sociedade carece de recursos adequados e sofre com o despejo de resíduos orgânicos de forma indiscriminada. O posicionamento do setor público, portanto, se faz imprescindível. A Receita Federal deve arrecadar impostos, fazendo com que o Estado inclua na Lei orçamentária Anual gastos relativos ao uso de containers, facilitando a coleta seletiva. Além disso, cabe a mídia influenciar, através de campanhas publicitárias via internet e propagandas televisivas, a troca de sacolas plásticas comuns por sacolas biodegradáveis. Ressalta-se, por fim, o apoios do MEC na criação de disciplinas extras, por meio da Atual Lei das Diretrizes e Bases da Educação, que auxiliem no consumo consciente e no descarte adequado do lixo a crianças e jovens, afinal, de acordo com o educador Paulo freire: ''Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda''.